"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sexta-feira, junho 27, 2014

Quando Alguns Pretendem Ensinar o Povo a Respirar...


Surgem regularmente novas associações em Portugal. O que é de saudar.
Uma parte, aparece para desempenhar o papel de um Estado, cada vez mais demissionário, no apoio à formação integral dos jovens. 
Outros decidem protagonizar acções, no âmbito da salvaguarda do património, o que é igualmente de aplaudir, pois apesar de ter fundado várias associações deste tipo, na primeira década deste novo século, costumo dizer com convicção, que há sempre lugar para este exercício de cidadania e que são bem vindas novas propostas, num país que enferma dos custos da globalização e onde só para dar um exemplo, as portas de madeira vão desaparecendo, com os utensílios inerentes, de comunicação... substituídas, nos centros históricos, por inestéticas portas de alumínio, de todos os feitios e cores, com total desrespeito pelo que de genuíno ainda havia para mostrar aos visitantes estrangeiros e nacionais.
Todavia não consigo aceitar os grupos de pseudo sapientes, geralmente arrogantes, que têm por objectivo "ensinar o povo a respirar".
Ainda não há muito tempo, nasceu uma coisa assim, ligada a propósitos elitistas, cuja propaganda tem mais a ver com a divulgação de cursos de cariz universitário, onde pontificam uns seres cinzentóides, servindo-se do património, como pretexto, para aparecerem na capa de revista e nuns artiguelhos, em jornais, tendo por esta via, os seus cinco minutos de glória.
De facto, assistimos a uma acção, em que o património imaterial foi o lema, e onde os tais "iluminados" recorreram a investigadores, que há catorze anos, na apresentação de uma associação similar, falaram da actividade que desenvolvem no Alentejo, aos mais diversos níveis e com a categoria de um trabalho exemplar, à escala humana.
A nóvel (velha em intentos) associação, que produziu o encore, com o respectivo apoio municipal (serão os autarcas, ex-alunos de suas excelências, ou dedicadas figuras de uma famigerada sociedade secreta?) e depois da passeata, replicada por diversos concelhos, de norte a sul, onde foram escolhendo vips e vetando uns quantos, está de cátedra em Lisboa, tendo deixado no terreno alguns delegados, para informarem sobre atentados patrimoniais, para se produzir o alarme mediático, quando for oportuno.
Apetece citar Almada Negreiros, na "Cena do Ódio": "
"(...) A pátria onde Camões morreu de fome 
e onde todos enchem a barriga de Camões!" 
 
...Assim é com o maravilhoso património imaterial, panaceia para alguns oportunos senhores descobrirem a pólvora...

Luís Filipe Maçarico
(Texto e fotografias)



1 comentário:

Elvira Carvalho disse...

E infelizmente esses senhores, proliferam por aí e crescem mais que cogumelos.
Um abraço.