Na história do Teatro Nacional de São Carlos, como no percurso da Ronda dos Quatro Caminhos,
o dia 22 de Maio de 2014 é histórico.
Intenso, foi o concerto deste
grupo, que está sobejamente de parabéns.
Quem acompanha a caminhada de António Prata e seus pares, no território do Património da Música Tradicional, fica extasiado com o rigor das recolhas, a criatividade das orquestrações, o desempenho dos músicos e a qualidade da voz do solista.
Depois do prazer do concerto ao vivo, tive o ensejo de escutar, numa boa aparelhagem o disco que surge, após "Terra de Abrigo" e "Sulitânia", trabalhos que ficaram na lembrança e que ofereci aos amigos, nos seus aniversários. E é como se fruíssemos frutos silvestres, revestindo de novo os campos, carnudas cerejas, gostosas castanhas, prodigiosos medronhos, que renovam o sangue, oxigénio purificador exalado por rosas, jasmins, madressilvas, entre serras e rios, nas vozes enluaradas do povo, música da terra, permitindo o voo, nas asas da mais perfeita beleza. Ternura tecida por violinos, pela sanfona e o realejo, a par do adufe e da concertina. São amores e sabedorias, partilhados numa língua de encontro. Os povos aproximam-se, esbatem-se as fronteiras e prova-se o sabor da paz.
"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la
depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e
de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram
momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio
que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
- See more at: http://ww1.rtp.pt/antena1/index.php?t=Disco-A1-Ronda-dos-Quatro-Caminhos-Tierra-Alantre.rtp&article=7735&visual=10&tm=2&headline=14#sthash.ZfdIclBn.dpuf
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
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TIERRA ALANTRE POR AMADEU FERREIRA*
"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
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"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
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Quando
ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a
tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada
colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e
humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso." - See more at: http://ww1.rtp.pt/antena1/index.php?t=Disco-A1-Ronda-dos-Quatro-Caminhos-Tierra-Alantre.rtp&article=7735&visual=10&tm=2&headline=14#sthash.ZfdIclBn.dpuf
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TIERRA ALANTRE POR AMADEU FERREIRA*
"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
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"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
- See more at: http://ww1.rtp.pt/antena1/index.php?t=Disco-A1-Ronda-dos-Quatro-Caminhos-Tierra-Alantre.rtp&article=7735&visual=10&tm=2&headline=14#sthash.ZfdIclBn.dpufA Orquestra Sinfónica Nacional e o Coro do TNSC, dirigidos pelo maestro Vasco Pearce de Azevedo, o apuradíssimo rancho dos cantadores da Aldeia Nova de São Bento, todos vestidos de preto, com seus chapéus, onde Pedro Mestre, cantou, as vozes mágicas do Grupo de Cantares de Évora, e ainda os amigos minhotos, galegos e transmontanos, - como Sara Vidal ( que cantou no grupo galego "Luar na Lubre"), a sanfoneira Maria Xosé Lopes e Chico Carinho, no realejo, ou gaita de beiços, cintilaram em São Carlos e no disco "Tierra Alantre".
Os membros
da Ronda transcendem, como é o caso de João Pedro Oliveira,
com interpretações soberbas, acompanhado pelo savoir faire do Resistente António
Prata, pela contagiante alegria do inigualável Carlos Barata, pela bateria fabulosa de
Pita Gros, mais o talento de Marinho e pelo excelente pianista Pedro Fragoso.
Em São Carlos, como no CD, todos contribuíram para a Poesia de um
espectáculo muito belo, envolvendo centena e meia de intervenientes, que se repetirá pelo país. Assim o queiram autarquias e mecenas, que farão muito pela cultura nacional se apoiarem o grupo e a sua mais recente criação.
Naquela noite de final de Maio saímos da vetusta sala de São Carlos, com a alma lavada, por o património luso, da música tradicional, ligada à
oralidade, ter estado tão bem entregue... É nestes momentos que nos comovemos por sermos daqui e haver gente tão maravilhosa, que insiste em celebrar o que temos de melhor. Que faz disso caminho. Em frente.
Entretanto, antes e depois, o
prazer de reencontrar amigos, como o poeta Ruy Ventura, Francisco Duarte, presidente do município de Castro Verde, Luis Garcia,
um homem fraterno, que tem a cultura como farol do seu percurso de animador, o autarca
de Évora, Carlos Pinto de Sá, a responsável regional da Cultura do
Alentejo, Ana Paula Amendoeira, Maria Adelaide Ferreira, Natércia Duarte, Jorge Cabral, Pedro da Mata, Maria Do Céu Ramos, Rosa Calado,
etc.
Todos entusiasmados, porque esta música, estes sons e estas
gargantas, trouxeram a essência do quotidiano e da memória, a uma das salas mais importantes do país.
Já na rua, os
Cantadores da Aldeia Nova de São Bento lembraram algumas modas, antes
de entrar no autocarro, que os levaria de regresso ao Alentejo. Um
obrigado especial a Luis Castanheira, pela sua gentileza e uma vez fora do palco, comentando o quanto nos agradou esta noite tão especial.
Luís Filipe Maçarico (fotografias e texto)
1 comentário:
Parece ter sido uma noite muito interessante e bem passada.
Um abraço e uma boa semana
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