"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, setembro 05, 2011

Festa do Avante 2011: A Resistência Continua!


















No reencontro de amigos, como Abílio Fernandes ou José Rodrigues Simão, gente que participa na grande aventura do desenvolvimento do Alentejo, gostem ou não os que se lhes opõem, passando pelos mil momentos de animação que a Festa sempre tem, lá estive, mais uma vez - e voltarei, enquanto estiver vivo, para partilhar sorrisos e inquietações.

Fruí as conversas enriquecedoras, como aquela que tive com o António Ramos e esposa, provei as ameixas da Dina, vindas de Moreanes, a ginjinha lisboeta, que o Luís ofereceu aos colegas da CML, trouxe chá de poejo, que a companheira Madalena, de Alcaria Ruiva recomendou, abracei a Vanda, tão querida forever, acompanhei o Zé Alberto e a Eugénia, pelos recantos do recinto, e trouxe uma recordação luminosa, da exposição evocativa, da obra de Cipriano Dourado, que nos idos de 70 e 80 encontrei na Amadora. E também retive a cor intensa, vermelha, de um painel de Malangatana. A alma cheia de cor, na pegada do sonho, jamais extinto, apesar dos ladrões que assaltam a nossa caminhada,tentando derrubar-nos, impedir-nos, extinguir-nos!

Dizem-me que este ano é que foi, que a Festa teve muita, muita gente, que quase não se circulava no recinto do palco 25 de Abril, nem junto ao rio, perto do palco 1º de Maio.
Não vi Sérgio Godinho, pois sei que aquele espaço onde ele actuou é diminuto e sufocante, faz efeito de estufa, o que é pena.
Não vi os Trovante, porque além de estar à rasca do meu pé esquerdo, sinto um imenso desprezo por aquele fantoche, que cheguei a escutar, quando não imaginava que o figurão se iria tornar naquilo que é. Contaram-me que os tipos estão mesmo velhos...acho que não perdi nada!

Apenas assisti - e com muito agrado - pela beleza cintilante, frescura juvenil e voz divinal - ao espectáculo de Mayra Andrade. Não participei em mais nenhum programa musical, nem Ópera, nem Xutos ( gostaria de ter assistido, mas não foi possível, trabalhei no domingo).

Sexta, aliás, a entrada estava inconcebivelmente demorada. Fiquei mais de meia hora à espera de conseguir transpor a porta de acesso àquele mundo especial, onde as palavras são mais fraternas: Camarada para aqui, camarada para ali... poesia partilhada, como se cada sílaba fosse um cravo, cada cumprimento um foguete festivo de amor à vida!
Porventura, essa terá sido uma prova de ter estado uma multidão maior desta vez, embora todos os anos, a afluência seja enorme...

E cá estamos, para mais lutas, para mais resistência à gula tubarónica dos banqueiros, dos Amorins e Belmiros e das Merkels, Obamas e Sarkozys, em tudo o que representam, relativamente ao sistema podre, que os acalenta e destaca: promotores da desigualdade e da miséria, com guerras devastadoras de permeio.

Texto e fotografias de Luís Filipe Maçarico

4 comentários:

João Rodrigues disse...

Breve e intensa descrição da Festa.
Consegues o que não consigo transmitir e tento sempre.
Quem queira mais terá que vir cheirar o sol desta música e o sal, dos corpos a saltarem nos ritmos das Beiras ao Brasil ou Cuba. Terá que saborear as palavras que falam de Alves Redol e de Manuel da Fonseca e, que, assim falando, expressam a desindustrialização e o penar realista deste Povo. Obrigado Luís.

Mar Arável disse...

Ponto de encontro de gerações

culturas e muitos amanhâs

Abraço

Mar Arável disse...

Ponto de encontro de gerações

culturas e muitos amanhâs

Abraço

Elvira Carvalho disse...

Gostei do texto e especialmente daa fotos que me mostraram um mundo onde não estive.
Suponho que a Vanda, seja aquela Vanda guerreira de quem falou em tempos. Espero que tenha vencido o dragão e esteja bem.
As melhoras para o seu pé
Um abraço