"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, março 20, 2008

Um Poema para a Primavera: As Águas do Degêlo, de José Filipe Rodrigues


Em 18 de Fevereiro, José Filipe Rodrigues enviou-me este poema que hoje, à beira da Primavera, continua a fazer todo o sentido, pois fala dos ciclos da vida e da renovação, sempre possível, mesmo em contra-corrente, quando à nossa volta algumas vozes dizem que não é possível contrariar a maré sombria da contra-natura. A força da verdade é muito forte e a poesia sabe disso:
Quando as águas do degêlo iniciam a caminhada,
através da floresta, na direcção do rio grande,
longe daqui, para além do azul e dos nevoeiros,
já as violetas floriram no páteo dos limoeiros
onde os cágados persistem nos ritmos da calma.
Ainda faltam muitos dias para o início da Primavera,
e de nada adianta acelerar o passo e impacientar a alma.
Depois do degêlo, tudo voltará a ser como era,
sem pressas, num ritmo natural, num crescendo do dia,
obedecendo só às leis da vida, do verde e da poesia.
JFR

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Luis,
Feliz Primavera. Faço votos de que aproveite a Páscoa para sorrir, para contemplar alegrias e pormenores de beleza e Vida como tão bem sabe.
De José Filipe Rodrigues, e do que ele lhe tem enviado, sinto aquele silencio de profunda empatia nas palavras.
E olhe, fiquei encantada com o "Caligrafia do Silêncio" que surripiei dum montinho algures nestes dias;) Apetecia-me copiar o "Chá de Longe" com sua licença. Mas podia fazer-nos o gosto de o "postar" pelo dia da Poesia. Digo eu...
Um beijinho amigo.
Ana Duro