Tenho o privilégio de o conhecer. O professor António Simões vive em Estremoz, onde o contactei com uma antiga aluna das suas aulas de inglês, que fala dele com a admiração que as pessoas de categoria merecem.
Licenciado em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, António Simões nasceu em Beringel, concelho e distrito de Beja a 29 de Novembro de 1934.
A São Baleizão, poetisa discreta com uma poesia de fôlego, telúrica, extremamente sensorial, levou-me um dia à sua pequena pátria, àquele lugar mágico onde a infância lhe concedeu asas para resistir ao quotidiano e apresentou-me este cidadão cuja obra e postura nos toca, pois é um ser humano fraterno, senhor de uma conversação que nos cativa.
António Simões foi aparecendo em artigos de jornais e poemas em revistas, com uma singularidade que o distingue. Depois de um belíssimo FESTA DAS LETRAS surgiu um destes dias na minha saudade dos seus gestos serenos e das suas palavras luminosas. Telefonei-lhe, soube que a saúde podia estar melhor e recebi poesia no endereço electrónico e livros na caixa do correio.
Trago até aos meus leitores excertos do envolvente MINHA MÃE AMASSA O PÃO.
Saboreiem...
"Minha mãe amassa a vida,
E a vida cabe-lhe inteira
Na farinha desmedida,
No infinito da peneira.
Minha mãe amassa o dia,
No alguidar, sobre o banco,
E do forno da alegria
O pão loiro sai tão branco.
Minha mãe amassa o ar,
Duma leveza infinita-
Quando fica a levedar,
A massa inteira levita.
Minha mãe amassa as flores,
As que no campo se dão-
E há mil cheiros, mil sabores
Numa fatia de pão.
Minha mãe amassa e diz
Pra dentro do coração,
Que só pode ser feliz
Quando os outros também são.
Minha mãe amassa o verde
Duma seara de trigo-
Vais matar-me fome e sede,
Alentejo, eu te bendigo!
Se gostaram desta amostra, escrevam à Câmara Municipal de Beja ou vão até à magnífica Biblioteca José Saramago e comprem este livro cujo conteúdo é de uma cariciosa criatividade que nos deixa maravilhados. Não menos bonito é o aspecto gráfico desta obra. Insisto: procurem-no pois é uma fabulosa prenda para um amigo cujo aniversário ocorra por estes dias ou ternurento presente para celebrar o Natal que se aproxima.
Texto de LFM
Foto gentilmente cedida por São Baleizão representando o casamento de seus pais, no início dos anos 50 do século passado.
Licenciado em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, António Simões nasceu em Beringel, concelho e distrito de Beja a 29 de Novembro de 1934.
A São Baleizão, poetisa discreta com uma poesia de fôlego, telúrica, extremamente sensorial, levou-me um dia à sua pequena pátria, àquele lugar mágico onde a infância lhe concedeu asas para resistir ao quotidiano e apresentou-me este cidadão cuja obra e postura nos toca, pois é um ser humano fraterno, senhor de uma conversação que nos cativa.
António Simões foi aparecendo em artigos de jornais e poemas em revistas, com uma singularidade que o distingue. Depois de um belíssimo FESTA DAS LETRAS surgiu um destes dias na minha saudade dos seus gestos serenos e das suas palavras luminosas. Telefonei-lhe, soube que a saúde podia estar melhor e recebi poesia no endereço electrónico e livros na caixa do correio.
Trago até aos meus leitores excertos do envolvente MINHA MÃE AMASSA O PÃO.
Saboreiem...
"Minha mãe amassa a vida,
E a vida cabe-lhe inteira
Na farinha desmedida,
No infinito da peneira.
Minha mãe amassa o dia,
No alguidar, sobre o banco,
E do forno da alegria
O pão loiro sai tão branco.
Minha mãe amassa o ar,
Duma leveza infinita-
Quando fica a levedar,
A massa inteira levita.
Minha mãe amassa as flores,
As que no campo se dão-
E há mil cheiros, mil sabores
Numa fatia de pão.
Minha mãe amassa e diz
Pra dentro do coração,
Que só pode ser feliz
Quando os outros também são.
Minha mãe amassa o verde
Duma seara de trigo-
Vais matar-me fome e sede,
Alentejo, eu te bendigo!
Se gostaram desta amostra, escrevam à Câmara Municipal de Beja ou vão até à magnífica Biblioteca José Saramago e comprem este livro cujo conteúdo é de uma cariciosa criatividade que nos deixa maravilhados. Não menos bonito é o aspecto gráfico desta obra. Insisto: procurem-no pois é uma fabulosa prenda para um amigo cujo aniversário ocorra por estes dias ou ternurento presente para celebrar o Natal que se aproxima.
Texto de LFM
Foto gentilmente cedida por São Baleizão representando o casamento de seus pais, no início dos anos 50 do século passado.
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