Página 7, artigo de opinião de Domingos Lopes, vice-presidente do Conselho Português para a Paz e a Cooperação: "Israel destrói e nós pagamos?"
Dizia o ariculista que no Kuwait foi exigido ao Iraque que pagasse os danos da invasão. Israel tem as mãos livres...
Lopes recordou que hospitais, pontes, as telecomunicações, 0s transportes e a electricidade foram destruídos no Líbano, calculando-se em 3 mil milhões de euros os danos causados por Israel ao país dos cedros.
No mesmo jornal, a propósito do levantamento do bloqueio dos portos, supõe-se que cada dia de bloqueio causou 30 a 50 mil euros de prejuízo ao Líbano...
Morreram cerca de 1200 pessoas em 34 dias de guerra...
Na página 14 da edição de 9 de Setembro do "Público", é informado que houve mais de 1500 mortos em Agosto no Iraque, quase o mesmo número de baixas registadas em Julho.
Na página 15 senadores americanos afirmam: "Sadam Hussein não tinha ligações com a Al-Qaeda. "As acusações de fabrico de armas de destruição maciça são também postas em causa(...) não dispunha de um programa nuclear activo, nem de laboratório para a construção de armas químicas".
Ora ponham lá a funcionar aquela bolinha que têm ao cimo dos ombros e que não serve só para decorar o corpo...
Foto de Sónia Frade.
3 comentários:
No Médio Oriente existem conflitos para resolver, mas esses devem ser resolvidos pelos envolvidos ou com a intervenção da ONU. Os EUA são prepotentes, mesquinhos e acham-se senhores do mundo.
Um Abraço e bom fim-de-semana.
Nesta última semana que nos encharcaram com documentários, programas, filmes e quejandos sobre os acontecimentos de há 5 anos atrás, muito pouca (ou quase nenhuma) reflexão foi feita e optou-se genericamente pelo formato showbiz da espectacularidade e do entretenimento. Aliás, o entretenimento passou a dominar a informação, escalpelizando-a da sua razão de ser: informar, criticar, objectivar, ser pertinente e assertiva. Pungente, sem compadrios ou favores. Os dois lados de uma história devem ser confrontados.
Dizia eu que este enfadonho e inebriante entretenimento passou a dominar a informação, que ficou mais espectacular, menos reflexiva, mais rápida (mesmo em tempo real), menos ponderada, mais show-off, menos equilibrada, mais comprometida, menos independente. É uma pena. É uma pena porque cada vez estamos mais embrutecidos, mais dominados na teia de um amorfismo que convém, e é promovido, pelas forças que realmente dominam este planeta. E essas forças a tudo recorrem para manter o rebanho dentro da cerca.
Nesta última semana aprendi uma coisa: que para muita, muita gente mesmo, a vida de um americano vale mais que a vida de um qualquer outro ser humano. Em qualquer parte do mundo. Não sabia.
Ah! Desculpem maçar-vos com esta prosa, mas queria deixar mais um apontamento.
No passado domingo fui ao cinema ver a mais recente obra de Almodovar, o brilhante Volver (que a todos recomendo) que nos mostra a vida de várias mulheres (sempre elas), nos vários patamares da idade, nas suas aspirações e preocupações, familiares e profissionais, nas suas relações de amizade e cumplicidade. No seu querer e sofrer.
Mas antes do início do celulóide, vieram as apresentações do costume. Entre elas, a do filme World Trade Center do respeitado cineasta Oliver Stone. Por entre as imagens blockbuster, em catadupa, emergiam os costumeiros chavões sensação. Um deles foi "nesse dia o mundo conheceu o mal", e as imagens de correrias, explosões e gritos continuaram. Ao meu lado, a Dilar comentou "se fosse só nesse dia...". Realmente! Como se apenas nesse dia, e só nesse dia, o mundo tivesse visto pela primeira vez o mal. O tivesse conhecido, essa coisa abstracta "o mal", distante e não objectivo, misterioso e maléfico, terrífico e aterrador, situado algures e em nenhures. Só nesse dia?!
A memória que nos querem impingir é selectiva e perigosa... é curta e mentirosa.
Só nesse dia?!...
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