"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, maio 20, 2017

Lançamento no Nono Festival Islâmico de Mértola "Aquela Pequena Sabedoria de Estrelas Repartidas" 21º livro de Luís Filipe Maçarico

                                      

Sábado 19 de Maio de 2017, ocorreu o lançamento de "Aquela Pequena Sabedoria de Estrelas Repartidas" que contou com a presença das Professoras Susana Gómez-Martínez, Manuela Barros e Maria Cardeira da Silva, autora de "Um Islão Prático", e responsável por cadeiras na licenciatura, em Antropologia - UNL - e no Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo", no Campo Arqueológico de Mértola, onde decorreu esta sessão, no âmbito dum programa alternativo do CAM, no nono Festival Islâmico, promovido pela Câmara Municipal de Mértola.
Odete Palma disse poesia deste meu 21º livro (4º sobre a Tunísia) e foi lido um texto de Maria Alexandra Leandro, durante o evento.
Saúdo os Companheiros da Aldraba presentes e todos os Amigos que quiseram fruir alguns momentos de fraternidade.
Destaco do texto de Alexandra Leandro esta passagem:

"A poesia do Luís transporta-nos para um mundo de sentidos intensos, onde a água, o azul do céu e os muros cobertos de branco se misturam com as vozes e as gargalhadas dos jovens, as transitórias e indeléveis geometrias dos pastores, os gestos suaves daqueles que vivem o tempo como uma serena caminhada.
Nas raízes das oliveiras ou nos voos das aves, a Tunísia oferece ao viajante sedento de verdade uma promessa de eternidade. Uma eternidade cujo véu não pode ser levantado de modo apressado, descuidando os significados profundos dos sucessivos enigmas. Enigmas que exigem respostas atenciosas, minuciosas, responsáveis, poéticas.
Às portas do deserto, a busca pelos oásis encantados deixa entrever os seus desafios e os seus paradoxos. A melancolia e a tristeza também fazem parte desta viagem; mas nunca o desespero.
Os amigos permanecem neste lugar, para lá do tempo, lembrando-nos que a nossa procura não foi em vão, e que é sempre possível escrever a poesia que sonhamos, através das pequenas conquistas.
Viajar com sentido é querermos partilhar com os outros uma mesma humanidade; sermos “nómadas” de uma mensagem de esperança; sermos elos de uma longa cadeia de vontades anónimas que procuram a paz, o entendimento, o cruzamento milenar de culturas.
Viajar é, e devia ser sempre, o edificar d’“aquela pequena sabedoria” que faz de cada um de nós um ser único e, ao mesmo tempo, traduzível na narrativa coletiva que sabemos construir em conjunto - memória coletiva de todas as “estrelas repartidas” que povoam as estradas do mundo e as constelações de vidas que almejam uma liberdade partilhada.
Alexandra Leandro"

O autor, depois dos agradecimentos, citou Sidónio Muralha, que, por ser opositor do regime de Salazar se exilou, mantendo, até morrer, no Brasil, a sua verticalidade. Dizia o poeta:

"Se carácter custa caro/ Pago o preço..."

Recado este, para uma pseudo - elite, que não tem sabedoria, nem sabe repartir o conhecimento...

Evocou depois os quatro livros sobre a Tunísia (oitenta e cinco poemas), terminando assim:

"Como posso não voltar aos lugares mágicos onde calcorreei areias sem mar, praias de águas transparentes e mornas, vergéis tímidos e a mão de Semia, jurando que em Tozeur tinha uma família até ao fim do Mundo?

"Como posso não ter saudades desses irmãos que do outro lado do Mediterrâneo, respiram e sonham como eu?"

Luís Filipe Maçarico (artigo) AIC (fotografias).

1 comentário:

Laura Garcez disse...

Que bom que estás feliz e que tudo correu bem.