Sábado 19 de Maio de 2017, ocorreu o lançamento de "Aquela Pequena Sabedoria de Estrelas Repartidas" que contou com a presença das Professoras Susana Gómez-Martínez, Manuela Barros e Maria Cardeira da Silva, autora de "Um Islão Prático", e responsável por cadeiras na licenciatura, em Antropologia - UNL - e no Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo", no Campo Arqueológico de Mértola, onde decorreu esta sessão, no âmbito dum programa alternativo do CAM, no nono Festival Islâmico, promovido pela Câmara Municipal de Mértola.
Odete Palma disse poesia deste meu 21º livro (4º sobre a Tunísia) e foi lido um texto de Maria Alexandra Leandro, durante o evento.
Saúdo os Companheiros da Aldraba presentes e todos os Amigos que quiseram fruir alguns momentos de fraternidade.
Destaco do texto de Alexandra Leandro esta passagem:
"A poesia do Luís transporta-nos
para um mundo de sentidos intensos, onde a água, o azul do céu e os muros
cobertos de branco se misturam com as vozes e as gargalhadas dos jovens, as
transitórias e indeléveis geometrias dos pastores, os gestos suaves daqueles
que vivem o tempo como uma serena caminhada.
Nas raízes das oliveiras ou nos
voos das aves, a Tunísia oferece ao viajante sedento de verdade uma promessa de
eternidade. Uma eternidade cujo véu não pode ser levantado de modo apressado,
descuidando os significados profundos dos sucessivos enigmas. Enigmas que exigem
respostas atenciosas, minuciosas, responsáveis, poéticas.
Às portas do deserto, a busca
pelos oásis encantados deixa entrever os seus desafios e os seus paradoxos. A
melancolia e a tristeza também fazem parte desta viagem; mas nunca o desespero.
Os amigos permanecem neste lugar,
para lá do tempo, lembrando-nos que a nossa procura não foi em vão, e que é
sempre possível escrever a poesia que sonhamos, através das pequenas conquistas.
Viajar com sentido é querermos
partilhar com os outros uma mesma humanidade; sermos “nómadas” de uma mensagem
de esperança; sermos elos de uma longa cadeia de vontades anónimas que procuram
a paz, o entendimento, o cruzamento milenar de culturas.
Viajar é, e devia ser sempre, o
edificar d’“aquela pequena sabedoria” que faz de cada um de nós um ser único e,
ao mesmo tempo, traduzível na narrativa coletiva que sabemos construir em
conjunto - memória coletiva de todas as “estrelas repartidas” que povoam as
estradas do mundo e as constelações de vidas que almejam uma liberdade
partilhada.
Alexandra Leandro"
O autor, depois dos agradecimentos, citou Sidónio Muralha, que, por ser opositor do regime de Salazar se exilou, mantendo, até morrer, no Brasil, a sua verticalidade. Dizia o poeta:
"Se carácter custa caro/ Pago o preço..."
Recado este, para uma pseudo - elite, que não tem sabedoria, nem sabe repartir o conhecimento...
Evocou depois os quatro livros sobre a Tunísia (oitenta e cinco poemas), terminando assim:
"Como posso não voltar aos lugares mágicos onde calcorreei areias sem mar, praias de águas transparentes e mornas, vergéis tímidos e a mão de Semia, jurando que em Tozeur tinha uma família até ao fim do Mundo?
"Como posso não ter saudades desses irmãos que do outro lado do Mediterrâneo, respiram e sonham como eu?"
Luís Filipe Maçarico (artigo) AIC (fotografias).
1 comentário:
Que bom que estás feliz e que tudo correu bem.
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