"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, agosto 15, 2015

Lisboa em Agosto. A invasão de multidões de turistas com mau gosto....


Nunca vi Lisboa, em Agosto, como neste 2015.
O movimento excessivo de transeuntes (essencialmente turistas, destes que visitam a cidade nos poluidores Tuc Tuc, que fazem lembrar países do terceiro mundo e não são controlados, porque pertencem a gente influente), lembra-me o Natal, embora com temperaturas altas.
Os autocarros (a carreira 714, por exemplo, entre a Praça da Figueira e o Parque de Campismo) andam sobrelotados, atraem os ladrões do eléctrico das colinas, o que cria um ambiente péssimo, e no sentido inverso, no passado domingo, ao fim da tarde, nem paravam na paragem onde graças a uma boleia preciosa cheguei à Trindade, onde sugerira jantar.
A Trindade está uma mistificação - e como tudo o que foi reformulado para turistas, tem um serviço de cozinha caro e insuficiente. Piroso, com um novo riquismo, que transformou tudo aquilo num cenário de convento sublinhado a traço grosso, com empregados fardados como se fossem frades... O velho bife evaporou-se numa banalidade, com molhanga, que não convence o gasto...
Esta semana passei pela Adega da Mó, com a Fernanda e o Luís, ele comeu ensopado de borrego e nós, umas iscas, mais parecidas com a velha gastronomia de Lisboa.
Na Rua Augusta vi um jovem casal estrangeiro, almoçando batatas fritas com pacotes de mostarda e molho de tomate. Temo que a afluência desmedida desta gente, traga consigo o que já se evidencia: Hostels a nascer como cogumelos, mesmo em enxovias, ou será que é normal há semanas atrás me terem relatado que jovens hospedados numa coisa dessas andavam à procura de um sítio para tomar banho? A desaparição das ementas da boa gastronomia portuguesa, pelo menos na capital. O surgimento da Casa do Pastel de Bacalhau com Recheio de Queijo da Serra, é disso exemplo. E não me venham com a conversa da inovação para aceitarem esta inversão de valores...
Pergunto, o que lucramos com tais turistas, confundindo-nos com "Marrocos da Europa", - designação que li há anos, indignado, num site inglês, - uma vez que estas hordas de indivíduos, que parecem ter o olhar perdido no casario, captado apressadamente do veículo barulhento e veloz, que custa caro e quase voa,  impossibilitados de rumarem para os países baratos, assolados pelo terrorismo, onde não se juntavam com os autócones, devorando as salsichas das suas adoradas Alemanhas...
As pensões aumentaram? Os salários melhoraram? Os impostos foram reduzidos?
Os habituais detractores podem ranger a dentadura.
Sou contra esta invasão, que origina o desbragamento.
Sinto-me - face a estas multidões que não sabem ver - a perder qualidade de vida na cidade.
E ninguém me consegue convencer do contrário, porque enquanto alguns (disseram-me que uns ingleses gozaram com a nossa gastronomia numa das televisões) se divertem, bebendo e comendo por muito menos do que gastam nos seus países, eu tenho de fazer um exercício mensal para equilibrar o orçamento.
Ainda por cima este é um dos Verões mais quentes de sempre, o que torna insuportável ter de levar com visitantes sem a qualidade, que só os Ministros enxergam e aplaudem, neste tempo irracional.

Luís Filipe Maçarico

3 comentários:

Frederico Mendes Paula disse...

Não fosse a referência xenófoba ao "Portugal Marrocos da Europa", este artigo teria toda a minha concordância

oasis dossonhos disse...

Sr. Frederico Mendes Paula: Sabe que aqui há uns anos, li num site inglês esta designação, que me incomodou sobremaneira? Reconheço que cometi o erro de não ter colocado a frase, entre aspas, e remetê-la para essa acepção, injusta e xenófoba. Agradeço-lhe desde já a crítica e informo que corrigi devidamente a frase, pois não faz parte da minha estrutura mental, era uma citação, que por não estar sinalizada enquanto tal dava azo a equívocos. Bem haja por estar atento e Cumprimentos.

Frederico Mendes Paula disse...

Agradeço a sua precisão, que esclarece esta situação e evita futuros mal entendidos com outros leitores. Um abraço