"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, julho 29, 2014

Poder local democrático?

 

O Poder Local é muitas vezes apresentado, como uma das melhores consequências do 25 de Abril.
Todavia a realidade parece desmentir esse mito...

As novas gerações, que nas eleições dos últimos tempos conquistaram lugares de relevo, nas autarquias, não correspondem aos pergaminhos. 
Em vez de servir o colectivo, muitos servem clientelas, amigos, familiares... servindo-se a si  mesmos....
Senão, veja-se:

Num concelho transmontano, documento histórico, editado pelo anterior presidente (da mesma força política do actual), ao que parece não circula, por causa de ter foto e palavras do amtecessor do autarca eleito em setembro de 2013.

Num município do sul, o catálogo de exposição do museu local, com carácter nacional, repousa em gavetas, armários, armazéns, não podendo ser adquirido, pois o presidente anterior, do partido actualmente na oposição, cometeu o pecado de escrever e assinar a introdução à obra...

Mais a sul e na raia, o pesidente, que esteve no poder duas décadas, foi reeleito, mas como vereador. O novo presidente queixou-se do antecessor, ainda no executivo, por segundo ele, ter contribuído para haver dois executivos. A vereação demitiu-se ou está em vias disso.

Em Lisboa, o quartel dos bombeiros da Luz, construído ao lado do hospital com o nome do bairro, vai ser demolido, pois o edifício hospitalar quer a claridade toda.
Os jornais falam destas coisas e, no caso da polémica do terreno do quartel dos bombeiros, devorado pelo hospital, acrescentam que o arquitecto do hospital é vereador e familiar de um banqueiro caído em desgraça, o que não deixa de ser perturbante...
Num país outro, estas situações, até para evitar leituras erróneas, levariam à demissão de alguém, que em nome da honra descartaria a insinuação de promiscuidade...
E assim se arromba o desenvolvimento e se mancha o prestígio, que era motivo de honra e orgulho dos velhos autarcas. 

As actuais gerações, à frente da administração política municipal, têm uma fome vampírica de poder; veja-se o exemplo do senhor, que disputa eleições internas, no seu partido, com vista a ser primeiro ministro, descartando as funções para as quais foi eleito...e das quais tão má conta parece dar do recado, pois sabemos (vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar) que recambiou cerca de quinhentos, dos mil cantoneiros de limpeza, para as juntas de freguesia, desiquilibrando a função do serviço público, tendo a Câmara ficado sem pessoal suficiente, para a recolha dos resíduos sólidos (os trabalhadores da limpeza urbana, empurrados para as freguesias, têm a seu cargo a lavagem, varredura e recolha de dejectos caninos e fizeram o manguito, quando o senhor presidente os requisitou depois de os retirar do quadro da autarquia central.) E que dizer da entrega de bibliotecas históricas e equipamentos desportivos às freguesias? A sede de ficar bem visto, pelos correligionários do chamado arco do descarrilamento colectivo, é insaciável.
A lei Relvas foi aliás, aos trambulhões, seguida por este senhor, numa ânsia de mostrar trabalho.
Não serão todos estes sinais o prelúdio para privatizar tarefas que deveriam ser do domínio público? O Costa Concórdia também parecia um navio seguro...

Isto para não falar das equipas de conselheiros, que estimulam posturas instáveis...nem das Câmaras, com dívidas impagáveis, da especulação imobiliária, da dissolução anunciada de algumas, de autarcas, que perderam mandatos, por abuso de poder, etc. Limito-me a evocar o que a imprensa noticiou...

Os valores foram substituídos pelos interesses. E isso é péssimo. Ficamos todos a perder.
O que se vê à vista desarmada, não nos agrada e merece reflexão urgente.

Poder local democrático?

Sem comentários: