Embora já pouco me surpreenda, confesso que ainda me perturba saber que há grupos, que sendo património da música popular, por apostarem, em tempo de estupidificação, na recolha e divulgação da música tradicional, são preteridos, - quando não pressionados, a aceitarem quantias irrisórias, - a favor de cantaroleiros pimbalhosos, cujo cachet apresenta as modalidades gargarejo, a qual pode custar dezenas de milhar de euros, ou ginástica labial, vulgo play back, pela módica importância de metade daquele preço.
Conheço casos de convites televisivos, a cantores e grupos lusos de qualidade, pela TV da Galiza, aquando da celebração do 25 de Abril, em terras de Rosalia de Castro, enquanto as televisões portuguesas, ignoram o trabalho desses heróis, que insistem na valorização da cultura, genuinamente popular, e, em vez dos setenta ou oitenta espectáculos anuais, que realizavam, pelos concelhos portugueses, fazem dez actuações, na melhor das hipóteses...
A Quadrilha, os Navegante, a Ronda dos Quatro Caminhos e alguns outros, cujas actuações apresentam e exaltam a criatividade e beleza do imaginário popular, merecem que lhes compremos discos, que os sigamos, que trauteemos os temas, que adaptaram e tornaram conhecidos.
É uma forma de amarmos o que é nosso, sem nacionalismos bacocos, mas com a vaidade de nos revermos nesses vocábulos e acordes, de ganharmos asas, de sermos melhores.
Porque chupar os peitos da cabritinha ou meter e tirar o carro na garagem da vizinha, é uma cuspidela, um piscar malicioso, apelando ao riso boçal, quando se bebeu de mais. Como quem dá um traque, na casa de banho, ao fazer força, para defecar...
Luís Filipe Maçarico (texto e foto)
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