"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Rusticidade




O campo, a vida quotidiana das populações rurais, exerceram sempre no imaginário dos citadinos um enorme fascínio...a incursão nas hortas em redor de Lisboa, no século XIX, é exemplo dessa complementaridade...visível nos nossos dias, através dos desmedidos fluxos de deslocações automóveis até ás terras de origem de muitos residentes nas grandes urbes, por ocasião do Natal e da Páscoa.
A ideia de rusticidade [em oposição ao stress urbano], associada a dias difíceis, é certo, de frio ou calor excessivos, mas também a bons ares e alimentos genuínos que a terra oferece, alicia aqueles que, - habituados a pensar o campo como lugar idealizado, e estou falando de cidadãos comuns, desses que arrastam na cidade sonhos de regresso ou fuga, para aqueles lugares ''mágicos'', onde o quotidiano parece ter ritmos mais humanos - rejubilam por receberem um convite para participar em rituais vivos, como o madeiro ou a reinventada festa dos chocalhos, na Beira Baixa, ou a degustação colectiva da moleja e de tantos outros pitéus, além de poder assistir a momentos ímpares de cante no Baixo Alentejo.
Conheço muita gente que pensa desta maneira, estive com quatro dezenas de pessoas, que ou se reformaram, para viver longe de Lisboa, ou que anseiam atingir /antecipar esse momento ''libertador'' para deixar a confusão...
Mas voltemos ao encontro, que foi pretexto para um tempo festivo, de convívio e partilha de vivencias diversas.
Festas ancestrais, identitárias, estas, que o inverno propicia e os homens não deixam extinguir, porque ainda balizam, simbolicamente, o ciclo anual da vida...

texto/fotos LFM

3 comentários:

karraio disse...

Espero que esse "fascínio" pela rusticidade e pelo campo não se fique pela perspectiva "folclórica", para não dizer "zoológica". Creio que um antropólogo tem obrigação de compreender, melhor que outros, a complementaridade cidade/campo.

isabel mendes ferreira disse...

beijo.te.



meu antropólogo...:) poeta do mundo.

maria sousa disse...

Quem estiver junto a este antropólogo (nem que seja por meia hora) sabe que ele não se encaixa na perspectiva "folclórico/zoológica".
Obrigado. Visitem-me em http://alhaffa.blogspot.com