"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Inês Leitão - No Território Mágico da Palavra


No dia 7 de Junho de 2007 conheci em Évora a minha sobrinha Inês Leitão, que com 14 anos escreve assim (com todas as forças e debilidades da sua juventude):

ÁLIBI

"Já não há fumo dentro de mim,
O teu cheiro morreu.
A tua voz soou num desses becos
Iluminaste-me e no fim
Amei-te depois de tudo o que fizeste
E tu ainda me viras a cara…

Tenho um álibi
Que confirma que eu vi.
Alguém que me defenda
Que me dê uma oportunidade
De ser quem sou sem cair.
Vivo num mundo fechado
E nesse mundo o meu sonho
É ilibado por questões ambíguas.

Se deixar de ter esperança,
Ela desaparece,
Se deixar de te ter a ti,
O mundo não valerá nada."

A Inês, posso assegurar-vos, tem um caderno de poemas com muita originalidade, onde o ritmo colorido dos seus textos, a metáfora, a escolha vocabular e a musicalidade da palavra espelham leituras e nos convidam a saborearmos sílabas de uma sensibilidade ímpar. Se continuar a ser a rapariga que é, poetisa com personalidade (e qualidade) vamos ouvir falar dela no futuro. Na sua breve biografia, a Inês diz que: "nasceu no dia 20 de Abril de 1993. Um dia, quando tinha 13 anos, tentou escrever um poema, foi quando descobriu que tinha uma grande paixão pela poesia...quando se apercebeu que gostava realmente de escrever continuou a fazê-lo. Hoje com 14 anos conheceu o seu maior Ídolo: O seu tio Luís Filipe Maçarico (também poeta). Quer vir a ser uma grande poetisa, mas sabe que apesar de tudo é preciso um esforço enorme e ela está disposta a fazê-lo. Não quer ser famosa, apenas quer que toda a gente saiba que em Portugal pode haver bons poetas!
O seu blog está disponivel em: http://www.inesmargaridaleitao.blogspot.com/"

POEMA DO TEMPO SEM FIM

Tu, partiste, o céu ficou escuro,
Eu sei que custa, mas viver sem ti é duro.
Se o tempo fosse mais e mais sem fim
Era só em ti que eu pensaria e não em mim.

Mas tudo parece o fim,
Quando sem querer penso em ti.
Mesmo que não queira
A minha voz submete o teu nome
Como se fosse um anjo
Como se fosse inexplicável.

Determino o poder que há em ti,
O que me fazes sofrer
É fora de série mas acabo por esquecer
Se fosses o sol a terra ardia,
Se queimasses a terra o que fazia?

Que pensará a lua de ti
Quando vir a tua face,
O teu sorriso não é um disfarce
A lua disse para ser o que nunca fui,
Ouvi mas não percebi pois o tempo flui."
Conta comigo, miúda! Grande já és, na vontade e ousadia, o que é meio caminho andado para realizares o teu sonho. Vive e escreve sempre, e vai treinando com a mesma entrega e paciência dos corredores de fundo, para conquistares o teu território "mágico".

Fotografia de Rosário Fernandes

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