"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, junho 03, 2019

"Uma Casa é Como Uma Árvore por Dentro", em Mértola, durante o X Festival Islâmico, numa apresentação alternativa

A apresentação do meu 22º livro de poesia "Uma Casa é como Uma Árvore por Dentro", em Mértola, em programa alternativo [do Campo Arqueológico, no Centro de Estudos Islâmicos e do Mediterrâneo], à programação do X Festival Islâmico, juntou cerca de duas dezenas de pessoas, participativas, algumas das quais leram poemas daquela obra.
O livro foi apresentado pela Professora Doutora Susana Gómez Martinez, que realçou o facto do autor ter sido aluno de um mestrado naquela instituição, mostrando-se tocada pelos versos, tendo lido aquele que é dedicado a Mabrouk (de Jerba).
José Alberto Franco e Maria Eugénia Gomes convidados pelo poeta, colaboraram nesta iniciativa dizendo alguns poemas e na assistência, Maria Branco Martins leu o poema "Tomoko em Tozeur" e Manuela Barros interveio também, lendo um poema.
Presente na sessão, Cláudio Torres acompanhou com visível satisfação o evento, tal como José Rodrigues, e antigos colegas de trabalho e de estudo como Eduardo Nascimento, que estando a fruir o Festival quiseram associar-se a este momento tão significativo de fraternidade.
Maria José Lascas e Manuela Rosa, juntaram-se ao grupo, aquando da sessão de autógrafos.
Na ocasião, fiz a seguinte intervenção:

"Começo por agradecer tudo o que me foi proporcionado, ao longo da última década, pelo Campo Arqueológico de Mértola.
Desde que fui aluno do mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo", que concluí apresentando a dissertação "A Mão que Protege e a Mão que Chama: Orientalismo e Efabulação em Torno de um Objecto Simbólico do Mediterrâneo", tenho tido a Amizade e o Apoio Académico e Literário, que permitiu trazer, em época de Festival Islâmico, os livros de poemas "Ilha de Jasmim", "Aquela Pequena Sabedoria de Estrelas Repartidas" e "Os Pastores do Sol". 
É com imensa gratidão que sublinho a envolvência de Cláudio Torres e Susana Goméz nestes eventos, depois do lançamento de "Cadernos de Areia", no Largo da Alcachofra, nos primórdios do Festival, onde o Professor Cláudio Também esteve.
Seria ingrato da minha parte se não exaltasse hoje e aqui a interacção que o vosso companheirismo permite. A vossa relação com os alunos é de tal forma grandiosa que vos coloca num plano singular, em relação ao mundo dos académicos, que geralmente funciona em sistema de vasos comunicantes, perpetuando um ecletismo que é sinónimo de fechamento.
O quinto livro que trago hoje para este Maio de 2019, é um contributo para a arqueologia da memória, para a antropologia das viagens, para a história da vida nas cidades, para a etnografia do olhar, para a sociologia das emoções, para a geografia da pertença.
Esta semana, a Professora Zulmira Bento, fez-me chegar uma mensagem onde diz que a minha escrita tem uma "verticalidade que não é agressiva, o que não é fácil de conseguir."
Recorro à entrevista que concedi a José Serrano, do "Diário do Alentejo", cuja primeira resposta resume "Uma Casa é como Uma Árvore por Dentro": "Durante muitas décadas vivi em Lisboa, no bairro de Alcântara. A casa foi cais de partidas e chegadas. Em criança, a chuva repassava soalhos e caía na minha cama  de menino pobre. Em velho, a chuva voltou a cair junto ao ouvido, no quarto.
O porta-voz dos dez proprietários assegurou que não tinham intenção de fazer obras. Foi um convite para sair.
Moro há 3 anos em Almada.
O livro fala da casa antiga e da nova: metaforicamente comparo-a a uma árvore e nas suas páginas o leitor é convidado a viajar dentro do mundo do poeta e dos sítios onde deixou uma pegada de afecto ou do espanto: Madrid, Tozeur, Jerba, Alpedrinha, Beja.
Termino desejando uma leitura onde cada um se identifique com este percurso que sendo meu é também de todos vós, na luta por uma Terra Melhor!"

Almada, 13-5-2019
Luís Filipe Maçarico

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