A figura é aberrante, grotesca, monocórdica, mas todos se curvam, porque é "doutoral".
Numa terra de cegos, em termos culturais, qualquer camafeu que anseie aparecer, consegue perpetar a cintilação do curriculum para encher o olho à ignorância de um certo Poder diletante, na feroz e escandalosa ambição de ser promovido, trepando de degrau em degrau, até atingir o patamar sobranceiro.
Preenche assim um vazio, que os "pasmados" em redor não são capazes de superar, porque a vidinha onde chafurdam é o território do seu pleno direito a serem poucochinho. País-pocilga.
Mas verdadeiramente quem conhece o Camafeu?
Alguns intelectuais apontam-no como autor de uns não-livros.
O meio académico, onde foi inserido, apesar de o considerar medíocre, alimenta-se no sistema de vasos comunicantes e na respiração boca a boca, com a pronta performance destes lacaios e das correspondentes laicas, que sustêm, à custa de uma diligente graxa, a asfixia anquilosante.
A academia tem especial predilecção por tais seguidores servis, verdadeiras cavalgaduras mumificadas, zurrando pseudo cientificidades, surripiadas numa velha mercearia, com enxúndia e onde se vende bacalhau a pataco.
Todavia, há todo um país que ignora estes estafermos, para lá das cátedras apodrecidas e de uma imprensa sem nível, cujas folhas acabam por servir para absorver a gordura do peixe frito.
Acredito que, na sua incessante e desvairada busca por mais títulos, o basbaque anseia ser presidente de mais qualquer coisa, nem que seja de uma associação de vão de escada.
E enquanto palita os dentes amarelados, cofiando os pintelhos do queixo arrota, idealizando-se forrado de couro a chicotear aqueles que ousaram contestar a sua imensa sabença, berrando "Eu é que sou o Grande Investigador! Vá amochem, que nenhum de vocês presta!"
[Qualquer semelhança com a Realidade, não passa de um delírio da Ficção]
Texto de Luís Filipe Maçarico. Imagem: Giorgio de Chirico (recolhida na Net)
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