No contexto da Museologia Portuguesa, o Dr. António Salvado - que saúdo pelo seu 81º Aniversário - é uma referência de enorme actualidade.
Aliás, gostaria de sugerir aos Amigos do Museu Tavares Proença Júnior de Castelo Branco, do qual o também Poeta António Salvado foi director, a reedição do seu magnífico livro "Leituras IV (apontamentos de etnologia e museologia regionais), editado pelo autor em 2002.
Este livro inclui textos incontornáveis, como o pertinente "Museu e Comunidade" (1977) que me acompanhou ao longo dos anos, quando fiz abordagens ao património museológico e o soberbo "Museu: Lição de Coisas" (1989) que descobri ontem, graças ao Amigo Dr. Pedro Salvado, director do Museu Municipal do Fundão, que me emprestou a citada obra.
Respigo da preciosa reflexão "Museu: Lição de Coisas" as seguintes passagens:
"Numa concepção nova e actual, o museu possui, como vigas estruturais, os seguintes atributos: permite um lugar grande às emoções; especializado embora, admite o aparecimento da complexidade; mostrando também objectos, procura bem mais visualizar conceitos; se testemunha o passado, interessa-se vivamente pelo presente; (...) proporciona uma aproximação informal e, mais ainda, comunicativa; paraleliza ou sobrepõe mesmo ao carácter objectivo e científico das suas funções uma arejada carga criativa e popular; mostra-se, no seu quotidiano, não- conformista, girando num eixo de adequada renovação, em cadeia progressiva dum processo que nunca tem fim, porque nada está completo." (p. 92)
Citando Hugues de Varine, museólogo francês, o Dr. António Salvado evidencia: "O museu deve abrir-se a tudo, a tudo o que contribui para a vida (...) o museu como objectivo é a universidade popular através dos objectos." (p. 96)
Creio que muitos dos responsáveis de museus locais - concelhios ou de freguesia - de Norte a Sul de Portugal, teriam bastante a ganhar com a leitura e reflexão das propostas deste beirão, cujos escritos etnográficos e museológicos se mantêm actuais e deveriam constar das bibliografias dos estudos académicos, que envolvem o património identitário.
Bem Haja, Dr. António Salvado pelo testemunho que legou à Comunidade, tão importante para o Futuro e tão bem escrito, ou não fosse a sua Alma a de um Poeta Iluminado, pelos valores de quem teve sempre em conta a escala humana.
Luís Filipe Maçarico, Mestre em Antropologia e História, também Poeta.
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