"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, novembro 23, 2016

João de Araújo Correia. O Médico-Escritor cujo Consultório era um Laboratório Literário", comunicação apresentada em 22 de Novembro de 2016, no Colóquio dos Olivais

Apresentei esta terça-feira, 22 de Novembro de 2016, a derradeira comunicação deste ano, no Colóquio dos Olivais. Intitulada "João de Araújo Correia. O Médico-Escritor cujo Consultório era um Laboratório Literário", serviu para despertar novos leitores, que desconheciam a vida e a obra do "Mestre de Nós Todos"...
No entanto, a Escola Eça de Queirós não possui este autor na sua Biblioteca, apesar dele integrar o Plano Nacional de Leitura...
A minha gratidão ao incansável paladino queirosiano Senhor Professor Fernando Andrade Lemos, entusiástico organizador de eventos que acrescentam interesse a temas da cultura nacional. Uma vez mais incluiu-me no programa, em lugar cativo, não havendo palavras para agradecer esta atenção para com o meu trabalho enquanto antropólogo e intelectual. A revista "cadernos culturais de Telheiras" tem publicado as minhas intervenções, o que me muito me honra, designadamente: "Imaginário Popular em torno de Santo António, na Cidade de Lisboa, no início da segunda década do século XXI " (2012), "Mãos que Protegem, Mãos que Chamam - Como um Objecto da Tradição foi Reinventado: A Chamada Mão de Fátima" (2015) e "Os 'Jordões' de Pias: Uma Tradição Ímpar" (2016).

Desta vez, tive oportunidade de chamar a atenção para "O mérito do contista [João de Araújo Correia], que se alicerça no espírito do lugar, na sabedoria narrativa, na qualidade linguística, eivada de regionalismos, mas também pela admirável escala humana que o inserem na galeria dos escritores transmontanos de referência."
JAC "procurava na privacidade e na solitude do seu duplo labor, o equilíbrio entre as duas pessoas que o habitavam: O Médico e o Escritor."
Sobre a sua primeira obra, escrevi: "Livro tecido com a beleza de uma teia lambida pelo orvalho, "Sem Método", como toda a prosa de João de Araújo Correia, é rio límpido, socalco luminoso, filigrana de um verbo que retrata o povo, pobre, faminto e miserável, com gentileza de harpa e alegria de concertina, não deixando de inserir na caminhada dos humildes que ausculta e procura curar, a dureza da paisagem esmagadora, o chão custoso de germinar a poesia da vida, apesar do imenso suor e dos incansáveis esforços."
No que concerne à Tertúlia João de Araújo Correia disse que "é de louvar o incansável labor dos membros da Tertúlia, pela sua actividade permanente, divulgando a vida e a obra do intelectual duriense cujos personagens imortalizam o Douro, na mesma proporção com que o Douro imortaliza os seus contos."
E a terminar afirmei: "A língua portuguesa enriqueceu-se com este regresso. As actuais gerações e os novos leitores têm agora acesso a verdadeiros tesouros." 

Luís Filipe Maçarico         

4 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Um excelente escritor, de que nunca tinha ouvido falar e que lhe agradeço ter-me dado a conhecer, quando me ofereceu o "Contos e novelas" Que bom que agora seja estudado nas escolas.
Um abraço

Anónimo disse...

Parabéns Luis, por essa tua cruzada, quase invisível, na significação da Cultura "menor", da Cultura chutada dos tapetes de salões e espaços da moda.

Mar Arável disse...

Boa partilha
sempre

O Puma disse...

Um serviço público
Abraço