Janeiro é um mês arrastado, frio, com manhãs e noites de temperaturas baixas, que sugere leitura, resguardo, o leito com roupa reforçada...
Confesso que estou cada vez menos tolerante com o Inverno. Será da idade?
Há anos atrás, sonhei com uma velhice, passada em países quentes, durante o frio daqui. Envelheci, o frio é cada vez mais insuportável...e a idealizada aposentação é mera ficção....
Ainda que o clima não seja propício, estive em Alpedrinha, Beira Baixa, no início do ano, somando quinze dias de estadia. A chuva andou ausente e por isso o ar estava gelado.
Em Lisboa, quando entardece, sente-se nos ossos, parece que está a nevar, ou que há correntes de ar a trespassar-nos as costas, se não estivermos devidamente agasalhados...
No Alentejo, as noites não aconselham passeio, saída de casa, mas temos de viver e sobretudo conviver.
Em Évora, Maria Amélia, Raimundo, Emília, Daniela e Ludovina são algumas das referências dos dias vividos, à escala humana. Em Montemor-o-Novo, Isabel e José Aldinhas, a Maria José, a Manuela Rosa, o Alexandre...
Há dias estive em Beja, na Biblioteca José Saramago e lá estavam a Alice Guerreiro, o Marco Valente, o Paulo Lima, a Céu Ramos, o João Coelho, a Ana, o José e a Eugénia. E outros, que iluminaram as palavras.
Os Amigos são rostos, vozes e gestos que permanecem na paisagem, enquanto nos movemos na caminhada.
Estão por todo o lado, seja Inverno ou outra estação do ano, para soltar ideias, discutir problemas, partilhar gastronomias e vinhos, que aquecem a alma. Aconchegos e mimos, no petisco ou no abraço.
É junto desta gente que me sinto bem.
Seja em Pias, com o Domingos, a Madalena, o Bento, ou em Alpedrinha, com o Eduardo, o Francisco, o Lourenço, a Melisa, a Maria dos Anjos, e os demais companheiros de partilha de memórias ou fruição de momentos mágicos.
Mas também posso falar de Penaguião, do Zé e da Dina. Do Chico Roto, senhor Almiro, serralharia Cardoso, Café Santa Marta, do senhor Pedro, e de outros amigos novos, que entraram nas novas rotinas do viajante.
E igualmente de Castro Verde, do Miguel, da Helena, do Paulo, do Duarte e da Natércia.
Mais a Mértola do Cláudio, da Susana, da Manuela, da Nádia, e ainda mais a sul, do Luís Filipe Oliveira e da Sónia Tomé, do Eduardo e da Janica, ou do Baeta... que bom a vida ter-me posto no vosso caminho, ou vice-versa.
Assim os dias custam menos a passar, quando temos frio ou estamos doentes.
Pensamos nestes nomes, nos locais que habitam e ficamos com mais calor no coração, para suportar este Inverno, que não há meio de começar a florir, anunciando um tempo novo.
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)
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