Os cães, acompanham-nos, nesta caminhada.
Encontramo-los, por todo o lado.
Em Castro Verde, na povoação do Salto, irrompendo no meio de um espectáculo, com dezedor de décimas e tocadores, cantando de forma inesperada, misturando os seus latidos musicais, com as vozes humanas, que celebravam Zeca, na Meadela, com uma inusitada ternura que comove, pela fragilidade da sua vida recente, ou no esplendor da existência, com uma sagacidade impressionante, desafiando-nos para brincarmos, na Azambuja, ou na serra de Montejunto, olhando-nos, com a profundidade de autênticos emissários, de uma outra realidade ou dimensão, em que somos postos à prova. Sábios bichos que são mais do que aparentam.
Nos pequenos gestos, no carinho,comunicamos. Lambidelas, abanadelas de cauda, respondem-nos. E se a nossa fala exprime admiração, a reacção não se faz esperar. Procuram o abrigo das carícias, envolvem-nos na sua forma de dizer que estão em paz, que o paraíso pode ser ali...
A Poesia, que os insensíveis não têm capacidade de sentir, está nesses gestos...Na comunhão dos seres, que desvendam os segredos das casas ou das montanhas, das almas ou do silêncio.
Precisam de pouco, para adormecerem aos nossos pés.
Serão anjos, que perderam as asas, para nos ensinarem algo?
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)
4 comentários:
Muito bom Luís! Continuo a ler-te sempre (com muito prazer), embora em silêncio. São de facto, se tivermos a capacidade de 'ver', mensageiros de paz, e mestres na forma como se vive em harmonia e em comunhao com a natureza e as coisas simples e verdadeiramente importantes da vida.
Obrigada pela escrita e pela partilha de impressoes e reflexoes. Um beijo,
Sofia Baltazar
Lindos! E cada vez mais deixados ao abandono por este país fora. Mas também, estranhar o quê? Até este povo se abandona a si próprio, alheado do seu direito a uma vida digna e justa.
Lindos! E cada vez mais deixados ao abandono por este país fora. Mas também, estranhar o quê? Até este povo se abandona a si próprio, alheado do seu direito a uma vida digna e justa.
Muito bom, Luís ! Adorei!
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