"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sexta-feira, setembro 30, 2016

A Má Gestão dos Canais de TV por Cabo

Adormecemos a ver "Pulp Fiction", acordamos com "Pul Fiction".
A má gestão dos canais de TV por Cabo é deplorável.
Quem a faz? Um robot?
O canal Hollywood é pródigo a reapresentar filmes passados e repassados. Uma  decepção....
Os episódios das séries são repetidos éne vezes.
No caso de Hawai Força Especial, tão depressa estamos a ver a governadora a ser assassinada, como no episódio que se segue a mulher está vivinha da costa.
No Verão houve um episódio que repetia de manhã à noite no dia seguinte, uma semana depois...quando o inspector calmeirão, de meia idade e de origem africana desconfiou de um amigo (que assassinou a companheira).
Não se aguenta.
E a tradução?
Aqui há dias (mas sucede todos os dias) tomei nota desta pérola: "Terão de se avir comigo".
Estamos conversados.

Luís Filipe Maçarico

O amolador de tesouras

Natural de Samora Correia,  o senhor José Martins é o amolador que percorre as ruas de Almada antiga.
Hoje decidi procurá-lo, perseguindo a sonoridade com que se faz anunciar.
No final de alguma andança, serpenteando por arruamentos de vivendas, tranquilos, encontrei-o, simpático e eficaz.
Levei a tesoura de minha avó que utilizei, ao longo da minha existência e terá servido para a acompanhar em muitas estórias e costura.
Disse-me o amolador, que a tesoura, de marca Corneta é um tesouro raro e que antigamente se comprava por cem escudos e até às prestações...
Ainda há bons encontros, na nossa caminhada...

Luís Filipe Maçarico

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?did=147463

quarta-feira, agosto 31, 2016

EXCESSO DE PUBLICIDADE NAS CAIXAS DE CORREIO

No sítio onde morei 63 anos, as caixas do correio não ficavam a abarrotar de propaganda, - passe a publicidade - do IKEA (que despeja livros), do MINI PREÇO, do PINGO DOCE, do JUMBO (estes todas as semanas) da STAPLES, etc etc.

Tendo passado uma semana em Alpedrinha, tive de pagar retenção de correio, para que a correspondência que me interessa não ficasse fora do receptáculo. E de facto, na segunda feira, fui buscar um envelope suculento, com livros enviados pela minha querida Paula Santos, de Évora, sobre as Invasões Francesas, para enriquecer a bibliografia de um artigo que estou a escrever sobre o tema.

Devia haver quem nos protegesse destas invasões, que nos "entopem" as caixas de correio, de forma abusiva e constantemente. 
Não há pachorra para a atitude agressiva destas empresas, pois não respeitam a privacidade dos cidadãos, impondo e anunciando produtos, cujo resultado é engrossarem a reciclagem de papel. Porque, como dizia o outro, não havia necessidade...

LFM


quarta-feira, agosto 24, 2016

A DIMENSÃO MÁGICA DO REAL


A pintura de Edgar Costa constitui, a par da sua Arte de cortar e pentear, com mestria, o cabelo,  a filigrana cósmica, na qual mistura a sensibilidade e o toque genuíno, numa caminhada de décadas de apuro.
Balada para os sentidos, a colecção das suas telas é uma festa de cor, na contemplação da Natureza, na dança de Nureyev e Margot, tacteando o espaço, voando com o fascínio de gestos imortais.
Os mistérios da terra, irrompem em águas primordiais - que (quase) escutamos, (quase) respirando os aromas das origens, na cintilação de frutos intactos, na sinfonia das fontes.
A melancolia dum poente ou a serenidade da musa, que afaga o felino, espreitam-nos nas paredes da casa onde Edgar Costa se transcende, idealizando paisagens marinhas das Berlengas, de São Martinho do Porto ou das Azenhas do Mar, e nos instantes campestres, singulares e oníricos, que povoam o seu imaginário.
No atelier, um rebanho acaba de ser pintado, entre árvores que são estrofes de vida e um chão de veludo verde, onde a música dos dias se entrelaça, na plenitude de um céu que inspira paz.
Assim são os quadros deste Artista.
A pele, onde Edgar Costa tece a dimensão mágica do Real, com a impressão digital da paleta criativa.
Para partilhar um olhar, onde a beleza é o segredo e o sonho, a sabedoria.

Luís Filipe Maçarico
Almada, 17-6-2016

A Exposição de Edgar Costa inaugura-se este sábado, dia 27 de Agosto de 2016, na Casa do Alentejo e permanece até final de Setembro.

Edgar Costa, nascido em 1937 em Lisboa, é profissional desde os 15 anos, na área do corte de cabelo, primeiro como barbeiro e a partir dos 21 anos como cabeleireiro. Foi precisamente na Casa do Alentejo, que fez uma primeira demonstração, em público, em colaboração com a L' Oreal. Enquanto pintor fez um curso de 3 anos nas Belas Artes e expôs, em Almeirim, na Manfredo - representante de produtos de cabeleireiro, em 2014 os seus quadros estiveram na Exponorte e durante anos participou em Feiras de Artesanato da Junta de Freguesia de Prazeres (Lisboa), mostrando a sua Arte, Na Charneca da Caparica tem 5 telas em exposição permanente.

terça-feira, agosto 09, 2016

Terrorismo

Todos os anos desde há décadas o Inferno repete-se.
Neste Agosto de 2016, há casas destruídas uma vez mais e vidas em risco, perdas enormes.
E muita floresta evaporada. 
Isto logo a seguir às notícias idiotas, que todos os anos se repetem, a meio de Julho, assegurando que a área ardida é muito menor, através de estatísticas que surgem, sempre muito antes das temperaturas atingirem o zénite.
Alguém disse e com toda a razão que estamos na presença de actos de terrorismo, enquanto outros fazem como a avestruz, tapando o sol com a peneira, alertando para que não se façam queimadas nem se deitem beatas fora dos carros (como se isso fosse a causa maior destas punhaladas anuais, na sensibilidade, na memória, na fruição)...
Todos os anos os governantes anunciam combates eficazes, medidas insuperáveis, vitórias antecipadas sobre a devastação de outros anos, com outros governos ao leme desta nave num mar de lumes.
E todos os anos a derrota da Natureza é certa. 
Como a lista das marés, assim existe uma espécie de calendário, tipo época de incêndios.

Quatrocentos fogos num só dia é monstruoso. Nem que fosse apenas um.
Os seres malditos que destroem o bem comum (paisagem, florestas, casas, animais, pessoas) deveriam - ao invés de se apresentarem a um juíz, e serem dados como maluquinhos (reincidentes) depois mandados em paz para casa, terem o tratamento que os seguidores da sharia dão aos ladrões - mãos cortadas!!!
Desculpem quebrar o meu pacifismo e tranquilidade, mas não há pachorra para paisagens dantescas nas televisões e jornais, populações esbaforidas, bombeiros exaustos, autarcas sisudos. 
A culpa morre sempre sem acusados ou com poucos e loucos, a serem capturados, porquê? 
Porque não se vai ao fundo destas questões de uma vez por todas?
Fogueira com eles, se apanhados em flagrante.
O politicamente correcto dos paninhos quentes já mete nojo. 
Ou então alguém aproveita (e de que maneira) esta desgraça.... 
LFM (texto) Foto: Incêndio na Madeira dia 8-8-16 (Internet)

segunda-feira, agosto 08, 2016

Ciprestes


Partilho a carta enviada a Mafalda Lopes da Costa, da Antena 1:
"Escutei hoje (8-8-16) no "Não há duas sem três" a referência a ser "raro ver ciprestes fora dos cemitérios"...
Certamente não se deu conta que, na Auto-Estrada que liga a A1 a Vilar Formoso - entre a Serra de Aire e Candeeiros e até Torres Novas - vemos ciprestes, de um lado e do outro, às centenas [Gostaria de saber porquê? Por vezes, lembra a Toscânia....]
Também os Caminhos Romanos, como o de Alpedrinha, rumo ao Fundão, pela serra da Gardunha, contrariam a tese deles só aparecerem nos Cemitérios.
Agradeço a sua melhor atenção para este assunto. Com os melhores cumprimentos."

LFM (texto) Fotografia recolhida na Net.

domingo, agosto 07, 2016

Poema de Romão Moita Mariano: "A MALHAR EM FERRO QUENTE"



“A Malhar em Ferro Quente”

Meu avô era ferreiro,
O meu pai ferreiro foi,
Não há dois sem um terceiro,
Fui sem o querer e isso dói.

Na forja queimei os olhos,
Dos martelos fiquei mouco,
A vida é cheia de escolhos,
Quem pensa o contrário é louco.

Toda a vida eu lutei,
Venci dias adversos,
Milhares de ferros trabalhei
Descansei  fazendo versos.

Trabalhar honradamente
Não enriquece ninguém,
Mas dá orgulho à gente,
O que é riqueza também.

Eu não sei a sensação
Que dá uma mão sem calos,
Pois quando aperto essa mão,
Sinto os meus a superá-los.

Estou tão habituado
A vestir “fato macaco”,
Que fico um pouco acanhado
Sempre que visto outro fato.

No verão, lidar com a forja,
É muito duro,  eu sei bem.
Pior é lidar com a corja
Que esta sociedade tem.

O vulgo, o artista esquece
Nesta vida é posto à margem,
Mas quando desaparece,
Aparece a homenagem.

A malhar em ferro quente
Dezenas d’anos a fio,
Constatei que há muita gente
Que só malha em ferro frio.


Romão Moita Mariano – 1989 pág.13/14, In “A Malhar em Ferro Quente” 

Agradecimentos a Madalena Borralho.