"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, setembro 26, 2013

Com a Ronda dos Quatro Caminhos em Évora

Ontem, ao fim do dia, decidi ir a Évora, para assistir ao Comício da CDU, na Praça do Giraldo. 
Encontrei bons amigos e fruí a noite cálida, escutando o candidato Carlos Pinto de Sá, as vozes dos Cantares de Évora e a grande música da Ronda dos Quatro Caminhos.
Acerca da Ronda nunca é demais sublinhar, que o repertório é fruto de um laborioso trabalho, que o rigor da pesquisa de António Prata e o companheirismo brilhante dos músicos, com especial destaque para João Oliveira e Carlos Barata, protagonizam. 
A curta mas forte intervenção do candidato à Câmara Municipal de Évora e o concerto que se seguiu, tornaram o regresso a casa muito agradável, pois há momentos que nos revigoram, quer pelo sonho que contêm, quer pelo lado humano que evidenciam
Parabéns à CDU e aos músicos e cantores intervenientes, pela intervenção que nos encheu a alma. 

LFM (texto e fotografias)

segunda-feira, setembro 09, 2013

Alpedrinha vai tornar a ser uma Terra em Festa!

A partir desta sexta feira e até domingo, em Alpedrinha, o Festival da Transumância, tendo como ponto alto a caminhada pela Gardunha, ao som dos Chocalhos do Rebanho, voltam a dar que falar.
Eis o Programa e se for caso disso, venham saborear uma Festa Reinventada da Beira Baixa!


 
PROGRAMA DA FESTA DOS CHOCALHOS 2013 em ALPEDRINHA
Chocalhos 2013 Festival dos Caminhos da Transumância 
 
Nos próximos dias 13, 14 e 15 de Setembro, na freguesia de Alpedrinha, irá realizar-se a 11ª edição do Chocalhos – Festival dos Caminhos da Transumância, num evento organizado pelo Município do Fundão e pela Junta de Freguesia de Alpedrinha. Do programa desta edição o destaque vai para a animação de rua, com vários grupos locais e nacionais a percorrerem as diversas ruas de Alpedrinha, para as atividades do Terreiro de Santo António que irão promover o património material e imaterial pastoril da Beira Interior, com conversas, oficinas, apontamentos musicais, mostras de artesanato e produtos da terra, atividades infantis, entre outras. De salientar ainda a 2ª edição da Exposição Canina Especializada de Cães de Proteção de Rebanhos e as atuações dos Coetus - Orquestra de Percussão Ibérica e dos Retimbrar.

Espaços :

Terreiro de Santo António - Espaço temático dedicado à pastorícia e seus produtos, animação, oficinas e demonstrações. Expositores: Museu de Tecelagem dos Meios Museu dos Lanifícios da UBI Núcleo Museológico do Salgueiro Casa do Bombo Ayuntamiento de Malpartida de Cáceres Associação de Queijeiros da Soalheira Escola Superior Agrária de Castelo Branco – Ovelha Churra do Campo e Merino da Beira Baixa Ovelha Bordaleira OVIBEIRA – Cabra Charnequeira ANCRAS – Cabra Serrana – Ecótipo da Serra Cães de Rebanho OCAIA – Associação de Artes e Saberes Tradicionais.
Palácio do Picadeiro Espaço de Exposições e Concertos. 


Programa
Sexta-feira, 13 de Setembro
19.00h Abertura e desfile com todos os grupos participantes Arruada Animação de rua (19.00h às 23.00h) – Grupo de Bombos “Zabumbas de Alpedrinha”, Grupo de Bombos “Toc & Rodão”, Grupo de Bombos de Vale de Prazeres, Grupo de Bombos do Souto da Casa, Grupo de Cantares dos Três Povos, Dedo Mindinho, Orquestra de Foles, Trimoço, Grupo de Cantares da Nossa Senhora do Mosteiro (Freixial) e Ida e Volta (Gigantones). Terreiro de Santo António
19.00h Abertura da Rádio Chocalhos
21.30h Demonstração da feitura da Travia pela Associação de Queijeiros da Soalheira 22.00h Conversas Transumantes
23.00h Ler as estrelas – Observação de estrelas
24.00h Sons do Terreiro – Bardo do Terreiro Chafariz D. João V
23.00h Concerto Retimbrar (Retimbrar é um movimento dentro do qual se enquadram não só o respeito pelos ritmos tradicionais portugueses, mas também a sua integração num contexto musical atual.) Nos Retimbrar, o objetivo é tocar, explorar estas sonoridades, com os seus instrumentos e contextos próprios e colocá-los em situações inovadoras. Na Oficina Retimbrar investigam-se os ritmos tradicionais e as possibilidades de inclusão de instrumentos tão portugueses e variados como triângulo, bombo, caixa, reco-reco, chocalho alentejano, adufe e as tréculas.

Tudo faz sentido com público, que se quer também ator. Pequenos Palcos Concertos alternados nos cinco pequenos palcos, das 20.00h às 23.00h. Palcos: Casa do Páteo Casa Paroquial Terreiro de Santo António Salão Paroquial Museu da Música Músicos: Daniel Amarelo (Tamborileiro) António Freire (Gaiteiro) João Gentil (Acordeão) Marco Silva (Viola Beiroa) Dulce Cruz (Concertina) André Neto (Violino) 


Sábado, 14 de Setembro
Animação de rua (10.00h às 23.00h) – Grupo de Bombos “Zabumbas de Alpedrinha”, Grupo de Bombos de Canas de Senhorim, Grupo de Bombos da Erada, Tuna da Academia Sénior do Fundão, Grupo de Bombos das Donas, Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho, Grupo de Bombos Cultura e Lazer de São Sebastião do Barco, Grupo de Bombos de Nisa, Grupo de Bombos da Liga dos Amigos do Alcaide, Grupo de Bombos da Cordilhã, Grupo de Cantares do Agrupamento de Escolas do Fundão, Orquestra de Foles, Jogo do Pau (jogo tradicional), Ida e Volta (gigantones), Serrabecos, Nave e Os Beirões da Concertina. Terreiro de Santo António

10.00h Abertura
10.15h Conversa sobre a Cabra Serrana, com Francisco Pereira da ANCRAS
11.00h Oficina Lanuda com Mabília Diamantino
11.30h Construção de Instrumentos Musicais Pastoris – OCAIA
12.00h Conversas Transumantes – Expositores do Terreiro
14.30h Conversas Transumantes – Expositores do Terreiro 
15.30h Oficina para crianças pelo Centro de Vias Pecuárias de Malpartida de Cáceres
16.00h Demonstração da feitura da Travia pela Associação de Queijeiros da Soalheira 
16.30h Conversa Cães de Rebanho Protetores vs Condutores, com Clube Cinófilo do Alentejo e canil d’ Alpetratínia
17.30h Demonstração de Cães de Condução de Rebanhos
18.00h Aulas de Cozinha
21.00h Demonstração da feitura da Travia pela Associação de Queijeiros da Soalheira 
21.30h Conversas Transumantes – Expositores do Terreiro
24.00h Sons do Terreiro – Bardo do Terreiro
Casa do Páteo 10.00h e 16.00h Ateliers Mê Mê – Matriz E5G

Chafariz D. João V 23.00h Concerto Coetus – Orquestra de Percussão Ibérica Na Península Ibérica há uma série de instrumentos de percussão, muitos deles desconhecidos, que ao longo da história serviam para acompanhar bailes, canções, romances e até para marcar o passo em procissões. A maioria dos instrumentos tocava-se em separado ou como acompanhamento. O objetivo de Coetus consiste em uni-los pela primeira vez e dotá-los de uma linguagem própria, inspirandose nos ritmos tradicionais, criando um diálogo ativo com a voz.
Pequenos Palcos Concertos alternados nos cinco pequenos palcos, das 16.00h às 18.30h e das 20.00h às 23.00h. Palcos: Casa do Páteo Casa Paroquial Terreiro de Santo António Salão Paroquial Museu da Música Músicos: Daniel Amarelo (Tamborileiro) António Freire (Gaiteiro) João Gentil (Acordeão) Marco Silva (Viola Beiroa) Dulce Cruz (Concertina) André Neto (Violino) 


Domingo, 15 de Setembro
8.00h Percurso pedestre com rebanho acompanhado pelos Chocalheiros de Vila Verde do Ficalho. Fundão – Alpedrinha. Ficha técnica: 12 km | Grau de dificuldade: Fácil | Tipo de percurso: Linear | Ponto de Partida: Praça do Município, Fundão | Ponto de Chegada: Alpedrinha | Duração aproximada: 3h.
Animação de rua (10.00h às 18.00h) – Grupo de Bombos “Zabumbas de Alpedrinha”, Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho, Grupo de Bombos da Freguesia de Alcongosta, Grupo de Bombos da Associação Raia dos Sonhos – Ladoeiro e Grupo de Bombos da Fatela. Terreiro de Santo António
10.00h Abertura
10.00h 2ª Exposição Canina Especializada de Cães de Proteção de Rebanhos
11.30h Chegada do Rebanho ao Terreiro
13.00h Entrega dos Troféus da Exposição Canina
14.30h Oficina para crianças pelo Centro de Vias Pecuárias de Malpartida de Cáceres 
15.00h Oficina Lanuda por Mabília Diamantino
16.00h Conversa Churra do Campo pelo Carlos Andrade e Joaquim Carvalho – ESACB 
17.00h Aulas de Cozinha
18.30h Desfile Final com os grupos participante
19.00h Encerramento Chafariz D. João V
16.00h Encontro Etnográfico Rancho Folclórico do Ladoeiro, Rancho Folclórico Infantil do Telhado, Rancho Folclórico da Fatela, Rancho Folclórico da Liga dos Amigos dos Enxames, Rancho Folclórico dos Três Povos e Grupo de Danças e Cantares do Paúl.
18.30h Desfile final com todos os grupos.

Jardim da Casa da Música António Osório de Sá

17.30h Lançamento do livro “Transumância das pequenas coisas”, de Luís Maçarico.
 
                                                                                                                                                                   

Casa do Páteo 10.00h e 16.00h Ateliers Mê Mê – Esmeralda Tavares e Matriz E5G
                                                            19.00h Encerramento.

Visite Palácio do Picadeiro |
Espaço de Exposições Das 9.30h às 13.00h e das 14.30h às 18.00h (dias 13 e 14 de Setembro o horário será alargado até às 2.00h).
Horizontes do Este Peninsular 1º Ciclo de vídeo sobre cultura pastoril e transumante

Sexta-feira – 20.00h | Sábado – 14.00h e 21.00h | Domingo – 16.00h
Exposição Perfis Comuns – Cultura material pastoril Organização do Centro de Información y Documentación de Vías Pecuárias, Ayutamento de Malpartida de Cáceres, Espanha

Casa da Música António Osório de Sá  
Exposição «Escola da Minha Infância»

Sábado – 15.00h às 20.00h | Domingo – 15.00h às 18.00h
Museu Etnográfico da Liga dos Amigos de Alpedrinha
Sábado – 15.00h às 20.00h | Domingo – 15.00h às 18.00h. 
Fundão, Aqui Come-se Bem – Sabores da Transumância Mostra Gastronómica
O Município do Fundão organiza, entre os dias 6 e 15 de Setembro, a quarta edição da Mostra Gastronómica Fundão, Aqui Come-se Bem -Sabores da Transumância, em 16 restaurantes do concelho do Fundão. Neste festival irão participar os restaurantes O Mário (Alcaria), O Pipo (Souto da Casa), Fiado (Janeiro de Cima), Alambique D’ Ouro, Dom Martim, Marisqueira Bela Vista, Boguinhas, Cantinho dos Grelhados, Hermínia, A Cereja, Moagem D’ Avó, Eclipse, O Parque (todos no Fundão), O Rochedo (Pêro Viseu), O Lagarto (Castelo Novo) e Pensão Clara (Alpedrinha). Com esta mostra gastronómica pretende-se que sejam criados e recriados pratos típicos regionais e ligados à Transumância.



sexta-feira, agosto 23, 2013

O Pesadelo da Selvajaria


Este Verão ardeu e continua a arder um território florestal extenso, que põe em causa de forma gritante, todas as discursatas e explicações dos responsáveis governamentais. Mas ninguém fica imune: autarcas, dirigentes dos bombeiros e população.
Para quando o efectivo combate à inércia? Dos proprietários, que não limpam a floresta, do povo que contribui para sujar, da ineficiência e falta de formação das equipas de socorro.
Morrem ou ficam feridos bombeiros, os prejuízos são monstruosos, a perda ambiental é desmesurada e continuamos a escutar os mesmos argumentos que já escutámos aos anteriores ministros dos governos de Santana Lopes (que até escreve artigos a dar conselhos acerca deste assunto) e José Sócrates, e ontem foram repetidos por Miguel Macedo, o ministro de Passos Coelho para esta problemática.
Noutros tempos, amava-se a árvore, símbolo de vida e de protecção ao Homem.
Hoje, odeia-se a mesma árvore, por incultura e selvajaria. São dezenas, os anormais presos pelo delito da piromania. Que destruíram pomares, animais, pessoas. 
A maioria actual da Assembleia da República, tão preocupada em legislar acerca da extinção de feriados emblemáticos e constitutivos da Nação, ou sobre as quarenta horas na Função Pública e todo o cortejo de medidas punitivas para os funcionários, transformados em bode expiatório de uma crise originada pela corrupção de politiqueiros cavaquistas, é permissiva na aplicação de castigos exemplares aos incendiários.
Sei que vou chocar, mas em certos países islâmicos, quem rouba ou pratica danos terríveis como este, é sentenciado de forma drástica, que não estimula a imitação: Mão cortada!
Para grandes males, grandes remédios, diz um provérbio. 
Não sendo adepto de tais sentenças, não posso contudo aceitar que se prenda e se solte, quem foi visto a pegar fogo à floresta, por legislação insuficiente, frágil, dúbia ou falta de provas.
Cada ano que passa, o massacre é maior. Não me venham com estatísticas ridículas, a meio do Verão afirmando que a área ardida é menor, para logo a seguir a realidade desmentir esses números.
Façam qualquer coisa para evitar este pesadelo! Todos!

Texto de Luís Filipe Maçarico. Foto: Recolhida na Net (Jornal i online.)

quarta-feira, agosto 21, 2013

Uns Ascendem, Outros Lixam-se!

Na segunda semana de Agosto de 2013, dirigi-me, com a minha amiga Ana, até Cacia, para passarmos alguns dias com o Luís, que nos apresentou em finais da década de setenta.
Fomos pela A1 até à saída de Estarreja.
Pagou-se a importância da portagem, porém, para nosso espanto, em vez de uma estrada nacional, surgiu logo a seguir uma SCUT agora paga, sem alternativa.

Para complicar a situação, e como o carro da Ana não está equipado com a via verde, apercebemo-nos que passámos um pórtico, equivalente a 20 cêntimos de portagem.
Finalmente, a estrada normal surgiu...

Nesse dia, fomos com o Luís aos CTT de Cacia, para tentar pagar os 20 cêntimos. Que não podíamos, pois teriam de passar 48 horas.
Dois dias decorridos, vamos a um café com payshop. Que não, que não há ainda ordem de pagamento...
No domingo o referido café estava fechado.
Segunda feira, finalmente, conseguimos sair do pesadelo, pagando 52 cêntimos, sendo 32 relativos a custos administrativos...

Ou seja: uma portagem de 20 cêntimos, implica uma dificuldade, nitidamente criada por cérebros com miolos de rapina, para o cidadão se esquecer e deixar passar os cinco dias legais, destas "leis", que são inventadas, para fintar o condutor distraído. 
A multa virá depois, no valor de 30 euros.
Assim uns ascendem e outros são lixados com éfe.

E o mais impressionante é que estas SCUT pagas, entregues a parcerias público-privadas, são suportadas por uma gente de esferovite, que reage quase nada a estas verdadeiras malfeitorias.

Afinal, quantos portugueses protestaram contra esta prepotência, à porta das casas, no algarve, onde o presidente da república e o primeiro ministro passaram férias?
O pesadelo só existe. porque não existe povo, mas apenas uns tipos, que gostam de dizer mal no café, metendo depois o rabinho entre as pernas, aguentando, aguentando....

LFM: Texto e imagens.

terça-feira, agosto 06, 2013

Nove Anos a Blogar

Esta aventura, começou em Agosto de 2004, e ao longo do tempo, aqui se têm partilhado viagens e desaires, sonhos e atrofios. 
Vivendo em Comunidade, natural é que se sintam diferentes estados de espírito. Aplaudindo o que se faz de bom, lamentando a ofensiva, a perda, a destruição de artes, tradições, patrimónios, formas de estar...
Renovo o compromisso e prossigo, com entusiasmo.Nem que, tal como Einstein, tenha de "procurar nas estrelas aquilo que me é negado na Terra."
Bem Hajam!

Texto e foto de Luís Filipe Maçarico

sábado, julho 20, 2013

Militantes e Inscritos

Há quem viva sem ter amigos e queira afirmar-se de esquerda. Que vai a manifestações, mas no quotidiano exibe um comportamento execrável, de prepotência, inveja, pequenêz moral, má formação cívica e perversa vingança, mesmo que a vítima nada tenha feito contra si, para lá de existir...
Há militantes e inscritos... Este é um dos piores sinais da decadência dos Partidos.
Por isso, alguns desses inscritos, se conseguem chegar ao Poder, - e alguns conseguem - comprazem-se a torturar e a espezinhar os outros, pois mesmo que tenham sido maltratados, por adversários ideológicos, não têm pejo em fazer o mesmo a "compagnons de route"...
Infelizmente conheço casos assim, que descridibilizam as forças políticas, que os admitiram, e que, devido a tais atitudes, não conseguem lograr a confiança dos eleitores, num tempo tão difícil...
Já experimentei a mesma matriz, que me atrevo a chamar de nazi, em supostos sociais democratas e comunistóides, como diria o Diácono Remédios...
A exclusiva preocupação na quantidade, - na soma dos votos - pode não ser proporcional à qualidade, determinando o definhamento, em vez da implantação. Os valores humanos de um percurso, deveriam ser a escala, quando se admite alguém, numa força política...
Obviamente que falo de loucos, monstros desumanos, a quem desejo, que um dia, o cosmos devolva a consequência dos seus actos...
Felizmente, conheço gente decente, em diversas organizações do espectro partidário, augurando o reforço da sua influência, para que Portugal se torne mais respirável...


Texto e fotografia: Luís Filipe Maçarico

terça-feira, julho 09, 2013

Mão de Fátima: Uma Designação Abusiva


Permito-me, face à vulgar utilização de terminologias erradas, no que concerne a determinados utensílios, designadamente aos batentes, em forma de mão, esclarecer os leitores interessados, com uma transcrição de parte da minha dissertação, no âmbito do Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo". Trata-se de trabalho científico, que obteve 17 valores e foi avaliado por Professor Doutor Joaquim Pais de Brito (arguente, director do Museu Nacional de Etnologia), Professor Doutor Cláudio Torres (orientador, director do Campo Arqueológico de Mértola, Prémio Pessoa 1991),  Professor Doutor Luís Filipe Oliveira (Co-Orientador, Membro do Instituto de Estudos Medievais da UNL; Professor Aux. da UALG) e Professor Doutor António Rosa Mendes (Presidente do Júri, Presidente da Faro Capital da Cultura, 2005).

Partilho (Págs 104-105 da dissertação intitulada “A MÃO QUE PROTEGE E A MÃO QUE CHAMA: ORIENTALISMO E EFABULAÇÃO, EM TORNO DE UM OBJECTO SIMBÓLICO DO MEDITERRÂNEO”):

"Na sua tese de licenciatura, Hafid Mokadem, clarifica:
“Les heurtoirs facturés en mains stylisées, qui enssyit leur vogue, dans les portes modernes du XXème siècle, n’ont presque rien en commun avec l’amulette décrite précedement (la main stylisée)  Il s’agit d’une main fermée dôtée d’une bague et d’un bracelet garni des rosaces, tenant un galet poli (…) Cette composition est sans doute étrangère à l’art marocain et à la tradition graphique populaire, bien qu’elle assume le même role protecteur. C’est sans doute une imitation consciente des heurtoirs européens modernes.” (Mokadem, 1992: 69)

Efectivamente, em várias intervenções - nas aulas do “Mestrado Portugal Islâmico e o Mediterrâneo” e durante o lançamento do livro “Aldrabas e Batentes de Porta: Uma Reflexão Sobre o Património Imperceptível”, Cláudio Torres deitou por terra as conjecturas, que situavam aquela mão no período da dominação árabe, remetendo para esse passado a génese de tais batentes, com o argumento, o facto de haver exemplares, no sul da Europa e no Norte de África.

A sua existência em Portugal, parece dever-se à influência francesa, na arquitectura dos edifícios construídos, em Lisboa e no Porto, na transição do século XIX para o século XX.



No nº 7 do boletim da “Aldraba”, Associação do Espaço e Património Popular, e com o título “A Linguagem das Portas”, foi divulgada a posição do professor Cláudio Torres:
“A Mão de Fátima, entre nós, é recente. A Mão - batente é fenómeno recente, século XIX. Antes disso, não conheço. Creio que essa representação da mãozinha (com a influência da orientalização que dominou o nosso imaginário) será romântica…” (Torres: 2009: 4)

Na referida tese, que pode ser consultada no Campo Arqueológico de Mértola, são apresentadas diversas provas da designação abusiva (Main de Fatma) do utensílio Hamsa (Mão, em Árabe) que a Comunidade Islâmica de França considera folclorização, havendo vários autores a explicar que os colonialistas franceses, ao verem criadas árabes, usando Hamsas, começaram a chamar Fátima a todas, como aqui no Estado Novo uma Natália ou uma Elisa passavam a ser chamadas de Maria. O penduricalho, o brinco, o suposto talismã, passou a ser designado pelos colonialistas gauleses como a Mão de Fátimas, tentando forçar a ligação com o sagrado, fazendo passar uma história das Mil e Uma, dizendo que elas veneravam a filha do Profeta...

Quanto à Mão Fechada, basta ler o Corão, referido na pág. 46 da minha tese, a saber:

"No Corão, a mão de Deus é apresentada com parcimónia, falando-se das Mãos Criadoras e largas, distribuindo graças e bens e possuíndo a Soberania de tudo. A Mão dos Profetas, a Mão dos Crentes e a Mão Direita completam as referências positivas à Mão (cerca de vinte). A Mão antagónica está na Mão dos Infiéis, dos Judeus, dos Avaros, dos Injustos, dos Malvados, Idólatras, Ladrões…
Fundamental é a Sura Quinta (a Mesa Servida) versículo 64, onde de forma muito clara, se expõe a diferença entre Mão Aberta e Mão Fechada. “Os Judeus dizem: “A Mão de Deus está acorrentada. “Que as suas mãos estejam acorrentadas e que eles sejam amaldiçoados pelo que dizem! Não, as Suas (de Deus) estão estendidas e Ele distribui os seus dons como entende.” (Corão, sur. 5: vers. 64)."


Como entender então, que o batente em forma de Mão fechada tenha alguma coisa a ver com a Civilização Islâmica?

Não se pense contudo que se está aqui de má-fé, pois na referida investigação é produzida (Págs 93-94) uma Autocrítica, nestes termos:

"Em “A Função Antropológica da Aldraba”, e baseando-me nos escritos de Adalberto Alves e José Alberto Alegria, garanti que:
“Para os muçulmanos ter a representação da mão da filha do profeta Maomé em casa, é, ainda hoje, garantir a protecção certa contra os maus-olhados, consistindo, igualmente, uma forma de assumir a religião, pois os cinco dedos de uma mão, ligada ao sagrado, personificam os cinco pilares do Islão: fé, oração, peregrinação, jejum e caridade.” (Maçarico: 2003)
Face ao interesse que o tema me despertou ao longo do tempo, nestes últimos anos verifiquei, através do seu aprofundamento, com novas leituras, devido ao conhecimento que o Mestrado “Portugal Islâmico e o Mediterrâneo” me proporcionou e pelo inevitável cruzamento da documentação recolhida, alargada a autores magrebinos, que aquela afirmação , estaria mais próxima da efabulação que da verdade.
A presente dissertação visa também trazer luz sobre o assunto, assumindo o signatário a auto - crítica, pela falta de rigor com que produziu aquelas afirmações, não questionando a escassez do seu conhecimento relativamente às fontes, o que impediu o contraditório, induzindo assim em erro outros autores, que depois de si e baseando-se no que defendeu, seguiram o rasto do equívoco."



Luís Filipe Maçarico (texto) Clara Amaro e LFM (Fotografias)