"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, março 25, 2013

Évora no Coração

Na passada quinta feira 21 foi bom voltar a Évora, para celebrar no Palácio de D. Manuel, o Dia Mundial da Poesia.

A sessão foi iniciada pela Vereadora Cláudia Pereira que deu as boas vindas à assistência e apresentou o percurso do convidado, enquanto poeta, escritor e antropólogo.
Seguiu-se uma breve intervenção do autor, que disse alguns poemas.


Foi ainda assinado um protocolo do autor com a Câmara Municipal de Évora, no sentido da doação do seu espólio pessoal, que inclui cadernos de viagem, desenhados e pintados, correspondência com poetas como Eugénio de Andrade, fotografias, recortes de jornais e revistas, nacionais e estrangeiros, publicando poemas e contos de sua autoria, bem como notícias e críticas referentes à sua produção literária e /ou académica.
Este espólio ficará à guarda do Núcleo de Documentação da CME, que o disponibiliza já em vida do autor, por sua expressa vontade. 
Investigadores, estudantes, leitores, podem aceder à vasta informação ali contida, que abrange os anos 70-90 do século passado e os primeiros do novo milénio.


Presentes, amigos, familiares, colegas de trabalho e muitos eborenses, alguns dos quais disseram poetas dos quais eu gosto, como Florbela, Gedeão, Manuel da Fonseca, Sophia e outros.
Um poeta popular, que habitualmente escreve décimas associou-se ao evento e disse também produção da sua lavra. No final, um beberete que proporcionou convívio entre todos.
Uma palavra final de imensa gratidão, para a Doutora Ludovina Grilo e para a equipa do Núcleo de Documentação - Doutora Antonieta e Senhoras Donas Balbina e Paula.
Foi bonita, a Festa!


Reportagem fotográfica: Rosário Fernandes.

quarta-feira, março 20, 2013

Dia Mundial da Poesia em Évora com Luís Filipe Maçarico

No Dia Mundial da Poesia, quinta 21 de Março de 2013, a Câmara Municipal de Évora, celebra a efeméride, convidando o poeta Luís Filipe Maçarico, natural daquela cidade, para um Encontro, no Palácio de D. Manuel, que ocorrerá pelas 18 horas.


Serão ditos poemas do autor e de alguns poetas portugueses, por um grupo de eborenses, de diversas idades, esperando-se que a tertúlia seja bastante participada, pois a entrada é livre.



No decorrer desta sessão, a Vereadora do Pelouro da Cultura, assinará um protocolo com o escritor, que tem estado a doar o seu espólio pessoal, designadamente, recortes de jornais e revistas nacionais e estrangeiros, onde publicou versos , contos e crónicas, cadernos de viagem, fotografias, desenhos de café, correspondência com Eugénio de Andrade e outras personalidades da nossa cultura, etc.

quinta-feira, março 07, 2013

Resiliência

De repente, à passagem pela Praça das Flores, do vaivém 773, uma idosa aponta para um prédio e exclama "Morei ali, tinha nove anos...e por baixo, era a Mocidade Portuguesa, parece que ainda é..."
Estremeço...
Olho para um título de jornal e reparo, que o Primeiro Ministro afirmou, que a austeridade vai prosseguir, pois ele tem muita resiliência, ou seja, capacidade para lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas...
Concluo: Resiliente sou eu e tu e tu, leitores, cidadãos flagelados pela ignorância, que tem sido quem mais ordena, quanto às escolhas eleitorais, para a Assembleia da República e pela arrogância dos diversos ocupantes das cadeiras do Poder.
A Nova Política, que pode e deve transformar o País, só está dependente da verdadeira mudança e essa não contempla o voto nos partidos alternadeiros...

De manifestação em manifestação, caminhamos para a meta do próximo testa de ferro (ou preferem que lhe chame capataz?), que irá repetir os ataques aos contribuintes, ao povo indefeso, aos jovens sem futuro, aos velhos sem direito à vida, a todos os que foram invadidos pelo medo de sonhar e viver.
Resiliência é ter a coragem de fazer outras escolhas, de dizer Basta ao infindável carrocel de corruptos e mentirosos, que se têm alternado, com promessas incumpridas.

E fico a pensar: se calhar a velhota do autocarro, que saiu de Alcântara, percorrendo a Fonte Santa, a Lapa, a Estrela, São Bento, o Príncipe Real até desembocar no Largo do Rato, é capaz de ter razão. A Mocidade Portuguesa, quiçá o Fascismo, respiram, encontrando-se porventura com uma clandestina energia (resiliente?) e nós a pensar que tudo isto é Democracia, tudo isto é Vida!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

domingo, fevereiro 24, 2013

Santiago Macias, o candidato do PCP a Moura

Conheço-o das crónicas, que escreveu para o "Diário do Alentejo". Li as obras de investigação, sobre a passagem dos Árabes por Mértola e a Herança dessa Civilização na nossa matriz cultural, que publicou, com o seu Mestre e Amigo, Cláudio Torres.
Acompanho-o há anos, no seu blogue  http://avenidadasaluquia34.blogspot.pt/
Foi meu professor, no segundo mestrado, que frequentei no Campo Arqueológico de Mértola: "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo". Aprendi coisas importantes com este académico, que é comunista.
Salvé, Professor Doutor Santiago Macias!

É um homem fraterno e sábio, que me envaidece ter como Amigo. E só uma pessoa assim, me faria sair de Lisboa, num dia frio.
Fui este sábado a Moura, participar na sessão de apresentação da sua candidatura, a presidente da Câmara Municipal de Moura, sua terra natal, onde já foi, nos anos 90, presidente da Assembleia Municipal, sendo há dois mandatos vereador.
Se morasse em Moura, era nele que votava.

Faço votos para que ganhe e tenha muitas felicidades, no seu desempenho autárquico. E que o seu percurso, seja tão bem sucedido, quanto a excelente intervenção que proferiu de improviso, com muita categoria.
Tenho lido o que outros candidatos dizem, mas este, de longe, tem uma qualidade incomparável e uma escala humana notável, na forma como olha para a actualidade, o que é um bálsamo, em tempo de entediantes discursatas, sem alma, duma mediocridade gritante.
Parabéns ao PCP, por ter escolhido um candidato deste calibre, em Moura, que aposta no progresso e no desenvolvimento, prosseguindo o bom trabalho do ainda presidente José Maria Pós de Mina.
Talvez não seja por acaso, que inúmeros casais muito novos, com os filhos pequenos, se encontravam no espaço Xerazade, repleto de rostos jovens, oriundos da população mourense, de várias áreas políticas, que aplaudiram imenso os oradores. 


Devo dizer, para meu espanto, pois pensei - erradamente, e o Santiago que desculpe a minha ignorância - que só os comunistas mais velhotes poderiam aparecer, mantendo fidelidade ao Partido. 
Durante uma hora, não pararam de entrar na sala, dezenas e dezenas de pessoas de todas as idades...
Com esta escolha, o PCP está a mostrar que há futuro, para o que defende, apresentando um candidato de muito valor, que dá a cara, pela valorização de uma das mais nobres actividades, infelizmente mal vista, devido aos oportunistas, que têm passado pelos sucessivos governos e alguns municípios.



Texto e fotografias de Luís Filipe Maçarico

Património de Moura: Cataventos.

Tendo passeado por Moura, na tarde deste sábado, deliciei-me a ver (e fotografar) uma diversidade de cataventos que, sobre os telhados da cidade, anunciam ventos, mudanças de tempo, evocando figuras históricas, como o cavaleiro da diligência, ou do quotidiano, como o caçador ou o tractorista, mas também animais simbólicos, como o galo, que anuncia a luz, na voz do seu canto, ou a velocidade espantosa do animal mitológico, conhecido como Pégaso, cavalo alado, símbolo da imortalidade. 
José Prista, fundador da Aldraba e meteorologista, escreveu um artigo,muito interessante, que se recomenda:


É bom sentir que nas nossas cidades, vilas e aldeias do interior, as marcas patrimoniais e identitárias, são orgulho das gentes, resistindo na paisagem humana, promovendo, como é o caso, roteiros de descoberta e admiração.
Parabéns à Câmara de Moura e à sua população, pela qualidade desta memória, ainda viva, que evoca a
criatividade dos ferreiros!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

Pimbalhosos & Heróis

Embora já pouco me surpreenda, confesso que ainda me perturba saber que há grupos, que sendo património da música popular, por apostarem, em tempo de estupidificação, na recolha e divulgação da música tradicional, são preteridos, - quando não pressionados, a aceitarem quantias irrisórias, - a favor de cantaroleiros pimbalhosos, cujo cachet apresenta as modalidades gargarejo, a qual pode custar dezenas de milhar de euros, ou ginástica labial, vulgo play back, pela módica importância de metade daquele preço.

Conheço casos de convites televisivos, a cantores e grupos lusos de qualidade, pela TV da Galiza, aquando da celebração do 25 de Abril, em terras de Rosalia de Castro, enquanto as televisões portuguesas, ignoram o trabalho desses heróis, que insistem na valorização da cultura, genuinamente popular, e, em vez dos setenta ou oitenta espectáculos anuais, que realizavam, pelos concelhos portugueses, fazem dez actuações, na melhor das hipóteses...

A Quadrilha, os Navegante, a Ronda dos Quatro Caminhos e alguns outros, cujas actuações apresentam e exaltam a criatividade e beleza do imaginário popular, merecem que lhes compremos discos, que os sigamos, que trauteemos os temas, que adaptaram e tornaram conhecidos.
É uma forma de amarmos o que é nosso, sem nacionalismos bacocos, mas com a vaidade de nos revermos nesses vocábulos e acordes, de ganharmos asas, de sermos melhores.

Porque chupar os peitos da cabritinha ou meter e tirar o carro na garagem da vizinha, é uma cuspidela, um piscar malicioso, apelando ao riso boçal, quando se bebeu de mais. Como quem dá um traque, na casa de banho, ao fazer força, para defecar...

Luís Filipe Maçarico (texto e foto)


domingo, fevereiro 17, 2013

Intercidades e Surrealismo na linha da Beira Baixa e no Ramal de Beja

As estatísticas revelam menor utilização do comboio.
Pudera! Com a emigração de muitos milhares de portugueses, com a impossibilidade de outros tantos estudarem ou trabalharem, devido ao aumento das propinas e do desemprego, inevitavelmente os números terão de reflectir o duro contexto em que vivemos.
Todavia, acresce a isso tudo o desconforto sentido em algumas linhas, como é o caso dos surrealistas Intercidades, que circulam entre Casa Branca e Beja, ou entre Lisboa e a Covilhã.
A inexistência de bar, a ausência do conforto apresentado ao longo dos anos, com carruagens e assentos cómodos, a higiene, tudo isso desapareceu.
Uma viagem, como aquela da linha da Beira Baixa, que em grande parte do percurso se desenrola, rente ao Tejo, mereceria vidros asseados.
Não é porém hábito da CP que cobra preços mais elevados pelo transporte de passageiros em carroças dos anos 70, nos trajectos referidos, cuidar da fidelização dos passageiros.
Chegamos ao destino, com as costas doridas, os olhos magoados da paisagem emporcalhada, através de janelas sujas.
E não há instituição que nos proteja, pois as reclamações deparam sempre com respostas que não correspondem a uma actuação reparadora.
Luís Filipe Maçarico