"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, maio 07, 2012

Praça da Armada, Vândalos e Património


Como podem constatar por estas imagens, o belo monumento, referenciado em diversos inventários e publicações, foi danificado por marginais, durante um jogo de bola. O tridente de Neptuno foi derrubado por uma bolada potente, que partiu os dedos da mão que segurava aquele instrumento ligado à mítica figura.

Quem quiser comprar residência, nesta zona, terá um grande dissabor, que é não poder descansar na sua própria casa.
 
Os danos em alguns prédios são lamentáveis: Vidros partidos, estendais derrubados, além da gritaria que se prolonga pela noite, impedindo quem trabalha e paga os seus impostos de ter paz e saúde. Há largos anos uma idosa que tinha a janela aberta foi surpreendida por uma bola que lhe caiu na sopa, tendo tido um AVC na sequência do mal estar causado pelos vândalos.
 
 
 
 
 Do site Marcas das Ciências, retirámos alguns dados (ficha sobre o Chafariz da Praça da Armada):

Cronologia Construído em 1845, estava ligado ao Aqueduto das Águas Livres.
Na obra "Alcântara Apontamentos para uma Monografia" (Coimbra, 1929), João Paulo Freire informa que seis anos depois possuía 4 tubos, 66 aguadeiros, distribuídos por  2 companhias, com 2 capatazes. Em 1999,  largo  e chafariz foram  restaurados, permitindo novo espaço cultural, onde ocorre em Novembro, a Feira de Artes e Ofícios da Freguesia dos Prazeres.

Historial
É composto por 3 módulos: A base de suporte do monumento, que configura um pódio redondo, constituído por escadarias alternadas e dois tanques rectangulares, que serviram de bebedouro para animais; A caixa de água que tem forma de paralelepípedo e contém 4 carrancas, - inicialmente talhadas para um projecto monumental que não chegou a ser concretizado, o grande Chafariz do Campo de Santana - dispostas sobre 4 tanques e o pedestal, em forma de pirâmide quadrangular truncada, que apresenta na base uma decoração de acantos, sendo encimado por uma representação do Deus Neptuno, recuperada do chafariz do Campo Grande, destruído em 1850. Constitui um dos três chafarizes de Lisboa rematado figurativamente. Neptuno empunhando o seu tridente originou a designação popular de Zé do Garfo.

Texto e fotografias de Luís Filipe Maçarico

domingo, maio 06, 2012

Os Inimigos de Abril e a Resistência destes Dias

Ter tempo para viver, ser pessoa, ser amigo, ser associativista, não é, nos dias de hoje, cheios de incerteza e inquietude, de agitação e de sonhos estagnados, caminho tranquilo, afigurando-se bastante complexo.
Faço fisioterapia, depois de um dia no gabinete onde tento ser útil à Comunidade. E procuro "descansar" de vários anos sucessivos, aprofundando conhecimentos, em cursos universitários.
Tenho reuniões da Aldraba, de cuja direcção sou vice-presidente, para lá daquelas em que discutimos e decidimos, no colectivo, o funcionamento da associação, dita do espaço e património popular. Nos últimos dias, lançámos a revista nº 11, na Casa do Alentejo, seguida do jantar dos sete anos da fundação estatutária. Esta semana eu e o presidente da direcção tivemos uma frutuosa conversa com o presidente da Sociedade Musical Ordem e Progresso, para a realização de iniciativas conjuntas, em prol do património, da memória, da cultura. Também estive no Mirantense, celebrando o início das comemorações dos seus 77 anos, aqui em representação da CML. E sobrou uma tarde (ontem) para participar num delicioso convívio, com a fisioterapeuta e alguns pacientes, com uma feijoada proporcionada na sede do Grupo de Cicloturismo Estrelas da Amadora.
Não deixei de participar nas manifestações do 25 de Abril e do 1º de Maio, enquanto momentos de afirmação do rumo desejado para uma existência de paz, construtiva, contudo também de indignação, pelos anseios frustrados.
Continuarei por aqui, no Mundo e no blogue, mas sempre reactivo. Contra os que nos Governos nos roubam o direito a termos vida digna, a sermos felizes. Mas também em oposição aos diversos parasitas, que se julgam sem deveres, e com direito a danificar património, como a estátua de Neptuno do chafariz da Praça da Armada, do século XIX, que uma bolada certeira partiu dedos e derrubou o tridente, que era símbolo identitário do bairro, ao ponto de lhe chamarem popularmente Zé do Garfo. Esses vândalos destroem estendais, vidros, prejudicam o merecido descanso de quem ganha a vida honestamente e põem em perigo automobilistas, sujeitos a atropelá-los, quando as bolas vão parar (inúmeras vezes) à estrada. Mas não se julgue que estou contra pobres criancinhas, trata-se de jovens adultos que não querem trabalhar, anti sociais, consumidores de estupefacientes, cuja  vizinhança, envelhecida teme,com medo de represálias. E assim se vive, na escravidão imposta pela Troika, com medo dos ratos de sargeta...que povo este, tão demissionário dos seus deveres civilizacionais contra a barbárie.
Inimigos de Abril não são apenas os capitalistas e os capatazes da cadeira do (aparente) poder. É também este povo abstencionista, inculto, egoísta, invejoso, alarve. Cuja revolta é sempre direccionada em relação ao parceiro mais próximo - vizinho ou colega de trabalho.
Ainda ontem escutei a um velho, na Amadora, que aquela cadeia de supermercados sobejamente publicitada, a propósito do desvario de umas promoções miserabilistas, tinha feito uma grande acção de cariz social, enquanto outros o contestavam, pondo a tónica na afronta ao primeiro de Maio, por quem tantos sofreram e deram a vida, em tempo de opressão. Além de provavelmente terem escoado produtos em fim de validade... Resposta inequívoca do traste: "Eu também vou morrer e já passei fome!O que é que interessa o1º de Maio?"
Não há dúvida, este povo é o seu maior carrasco, seja nos momentos em que elege políticos de muito má qualidade, ou quando, por qualquer conveniência e manha, ou até em nome de um qualquer coitadinhismo, aceita ser protagonista de vergonhoso labreguismo, trucidário desrespeito pelos direitos dos outros, falta de solidariedade manifesta, em arrogante demonstração anti-cívica e contrária aos mais elementares alicerces do edifício da convivência e da respiração do progresso. 
Portugal, enquanto possuir tão ditosos filhos, francamente úteis aos poderosos, não passará de um sítio mal frequentado, com sol, céu azul e boa comida, se não chover...ninho de inimigos de Abril, onde os resistentes têm pela frente muitas tarefas, para que não murche definitivamente o cravo da esperança.
Tolerância zero à cretinice, à hipocrisia, à malfeitoria disfarçada de ignorância. Zero!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

quinta-feira, abril 26, 2012

Provavelmente... Um Grande Poema


(a)   “ Provavelmente “




PROVAVELMENTE 

                                      não terei a força, o verbo, o tamanho para falar duma
                                revolução que rebentou no coração daqueles que, desde o
                                primeiro vagido, a desejaram.

PROVAVELMENTE

                                      esquecerei nomes, trocarei datas, falarei dos heróis que o
                                não foram e dos cobardes que tiveram a coragem de não
                                puxar gatilhos, de permanecerem poetas e não matarem
                                ainda que com essa negação da morte ficassem com os cor-
                                pos presos, que a alma não.

PROVAVELMENTE

                                 louvarei demasiado os que me são queridos, cantarei as
                                 paisagens onde nasci e chegarei mesmo ao despudor de
                                gritar que o Alentejo é o mais lindo país do mundo, que
                                 uma papoila vermelha floresce diariamente nos dedos dos
                                 que trabalham a terra.

PROVAVELMENTE

                                       deixarei nas margens deste recado essoutros que em                                                  
                                       Marços e Setembros saíram para a rua agarrados à
                                       estrela da manhã para com ela (somente com ela)
                                       defenderem a liberdade.

PROVAVELMENTE 

                                  não saberei pronunciar os nomes das crianças que num mês
                                 de Abril inventaram novos símbolos debruaram de cravos
                                  as redacções escolares, as paredes dos jardins, os troncos
                                  dos abetos, e inundaram com as aguarelas da ternura os
                                  olhos dos homens cansados.

                                 
      

PROVAVELMENTE

                                       e porque não? Direi que vi soldados vestindo a farda que
                                 o povo usa, essa camisa lavada e branca dos nossos irmãos
                                 operários, camponeses, trabalhadores de todos os misteres.

PROVAVELMENTE                                                                                              

                                  trocarei as notas à melodia que semeou o luar,desvirtuarei
                                  a cor da baioneta que defendeu o sol, não saberei agarrar o
                                  espanto das mãos que seguravam o vento como quem agar-
                                  ra essas bandeiras de carne a que chamamos filhos.

PROVAVELMENTE

                                    não citarei nomes de capitães, dragonas de almirantes,
                                  siglas de partidos, as multidões dos comícios, as cores dos
                                  panfletos, o eco dos gritos que rebentaram a veia tensa deste
                                  quase meio século que sufocou o pulmão da nossa Pátria 
                                  sempre adiada.

PROVAVELMENTE

                                        só vos falarei dum Homem com rosto de homem, palavra     
                                  de homem, o gesto simples do Homem simples e sincero
                                  que todos esperávamos na lonjura da esperança, como o
                                  Criador esperou o nascimento do mundo.

PROVAVELMENTE

                                        escreverei : Vasco Gonçalves.

PROVAVELMENTE

                                    Acrescentarei :
                         
                                                            - Por aqui passou  um Homem !



(a) Eduardo Olimpio




quarta-feira, abril 25, 2012

No 25 de Abril, Celebrar o Sonho Contra o Ninho de Víboras

Esta tarde, não obstante as ameaças, de tolerância zero, para com os manifestantes, vociferadas por um alto dignatário da polícia de choque, e mesmo com chuva, o Povo - que não se revê nas duras medidas dos seus inimigos, - veio para a rua dizer que isto tem de mudar.

Saímos para a rua, celebrando a dádiva de um tempo de sonho, que não pode  - por causa do desvario de uns quantos, que ocuparam ou ocupam cargos de responsabilidade, ser espoliado.
Muitos de nós não vivemos acima das nossas possibilidades.
Não tenho dívidas, não sou especulador nem bandido, não posso pagar pelo que não fiz! BASTA!

Todos os anos tem sido assim. Os governos nunca trataram bem o Povo, salvo raras excepções.
Lá estivemos a dizer NÃO às políticas da asfixia, fascistóides.
Evocando a Esperança, que nos tem sido arrancada, com violência, por algozes que poupam os ricos.
Porém, nesta época da informação global, de influência planetária, para o bem e para o mal, a Humanidade, e particularmente a Europa, há-de vencer o obscurantismo, com que, à escala universal, os patrões do Mundo tentam atrofiar a caminhada colectiva. Impondo leis iníquas, pesados sacrifícios, sempre sobre os mesmos...O Poeta disse que tudo é feito de mudança. E outro Poeta acrescentou que atrás de tempos, tempos vêm e nada é imutável.
Não acredito que a ignomínia prevaleça sobre a razão e a verdade.
O futuro há-de ser mais justo. E viver aqui, não há-de ser sempre a respiração ansiosa destes dias...Basta saber História, basta ter vivido uma vida, basta acreditar na força do povo unido...

VIVA O 25 DE ABRIL!

terça-feira, abril 24, 2012

Ao Nosso Lado...

Logo à tarde, nas ruas da cidade haverá uma voz, que apenas no sonho de sermos diferentes estará ao nosso lado, mas não nos pode acompanhar... No ar, no sol, na luz do rio, entre os que se libertaram desta caminhada, seguirá os nossos passos...Oxalá num dia não muito distante, Abril ou arco-íris, Maio ou voo, manhã ou jardim, barco ou guitarra, a música irrompa, a esperança cresça e a liberdade de podermos voltar a ser felizes ganhe novas raízes, para que a fraternidade e o afecto sejam lei e futuro. (Para Miguel que tão cedo partiu...)

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

segunda-feira, abril 16, 2012

ZECA AFONSO CELEBRADO EM ALPEDRINHA



Adelino e Raquel, pai e filha interpretaram Zeca Afonso, com os irmãos Freire. Os quatro formaram o Grupo "Amigos de José Afonso".

António Alves Fernandes, lendo o depoimento de seu irmão Ezequiel, que foi aluno de Zeca Afonso

Zeca Fontão (Pedra d'Hera)

A Professora Doutora Antonieta Garcia

A numerosa e interessada assistência

Fernando Paulouro Neves

O Trovador da Beira


No passado sábado dia 14de Abril, Alpedrinha, graças a um Punhado de Amigos, celebrou com grande dignidade, numa inesquecível confraternização, a memória, a obra e o cidadão Zeca Afonso.
Barata Roxo saudou os participantes, anunciando um programa muito rico de conteúdo, onde se destacaram pelos seus depoimentos, o director do "Jornal do Fundão", Fernando Paulouro Neves, a Professora Antonieta Garcia e António Alves Fernandes, além do Trovador da Beira, de Zeca Fontão (Pedra d'Hera), Luís Filipe Maçarico (que disse 3 poemas de José Afonso) e o Grupo Amigos de Zeca Afonso.

Para Fernando Paulouro Neves, José Afonso teve disponibilidade e capacidade para compreender o tempo histórico que era o dele e por isso a sua actualidade. Ele é escutado pelas gerações mais novas. O seu génio consegue romper o silêncio porque éum músico e poeta de primeira linha.
Por seu turno, Antonieta Garcia lembrou que a influência de África é fundamental, marca o ritmo de Zeca Afonso, não é por acaso que ele se mantém. Vão todos beber a Zeca Afonso, o Homem que revolucionou a Música Portuguesa, é nesta altura que Ary dos Santos faz a Desfolhada e a Menina...
Zeca teve um recorde de vendas com as Cantigas de Maio e a partir daí começa a cantar na Europa.
Comprou uma casa em Monsanto "Porque às vezes é preciso pôr lá fora alguns camaradas e vai servir para os esconder e passarem para Espanha."
A Professora da Universidade da Beira Interior, que iniciou a carreira de docente, na mesma escola, onde José Afonso dava aulas de História, aos filhos dos pescadores, revelou que se cantava nas colectividades, acontecia com muita frequência haver agentes disfarçados, os pides estavam na assistência e pediam os Vampiros e o Menino do Bairro Negro (O Zeca estava proibido de cantar aquelas canções) enquanto os amigos sugeriam outras canções...Mas os pides insistiam "Vampiros", "Bairro Negro". E o Zeca respondeu " Vocês só gostam de bacalhau com batatas!"

Participou no Punhado de Amigos, que celebrou Zeca Afonso, o pai do actual presidente da Câmara Municipal do Fundão.
António Alves Fernandes, leu um texto escrito pelo seu irmão Ezequiel Alves Fernandes, que em 1969, na Turma do 2º R do Ciclo Preparatório da Escola das Areias em Setúbal foi aluno do Professor de História Dr. José Afonso que dizia aos alunos de uma Turma problemática, com muitos repetentes, com idades dos doze aos dezassete anos, alunos de bairro de lata, subnutridos, que “ a História que vou ensinar é contada pelos Homens do Mar, sentida nos Lugares e vivida pelos Povos, que fazem a História”.

Ezequiel Fernandes rematou o seu depoimento desta forma:

"Se este não fosse um País de labregos, com colossal desonestidade, que medram em asfixia mediocridade de cariz inquisitorial, provavelmente o País respirava a Obra Humana, Intelectual, Musical e Poética de Zeca Afonso."

Luís Maçarico trouxe estes versos de Zeca (aqui cantados pelo próprio cantor), que merecem uma reflexão, face aos tempos actuais:



Texto, fotos e recolha de Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, abril 02, 2012

Grande Marcha de Lisboa 2012: Abaixo o Manjerico! Viva o Samba e a Caipirinha!


Este sábado, no rescaldo de um Conselho Nacional das Colectividades, realizado na sede, em Lisboa, da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, Maria Helena Monteiro, do Clube Desportivo da Graça, quase contribuiu para uma indigestão, mostrando aos companheiros presentes este primor:

"Lisboa, reencontro e festa"
(Marcha de Lisboa 2012)

A ver navios
Fica em Santa Catarina
Povo simples a acenar
El-Rei que parte
Segue a rota de Cabral
P'ra Porto Seguro achar
Na grande terra
Se instala corte europeia
Com pompa imperial
E nova era,
Novo Brasil se inicia
Com a presença real.


Refrão

A marcha desce a avenida
E vê-la, há oitenta anos
Deixa o povo a matutar
Se é em Lisboa,
Se no Rio ou na Bahia
Qu'a marcha está a passar
Se é com fandango, samba, vira ou com chorinho
Qu' assim marcham a rigor
E se o santinho
Sorridente e milagreiro
É António ou Salvador.


Sobem balões
A marcha chega ao Terreiro
Que outrora foi real
Palco gigante
Luzes, cores e sotaque
Do português tropical
Dos bairros chegam
Cheiros a sardinha assada
a picanha especial
Enchem-se os copos
Jorra o vinho e a caipirinha
Há festa, há arraial.


Refrão

A marcha desce a avenida
E vê-la, há oitenta anos
Deixa o povo a matutar
Se é em Lisboa,
Se no Rio ou na Bahia
Qu'a marcha está a passar
Se é com fandango, samba, vira ou com chorinho
Qu' assim marcham a rigor
E se o santinho
Sorridente e milagreiro
É António ou Salvador.


Ao fundo o rio
Tem navio iluminado
A partir ou a chegar
A outro Rio
Aportará com as gentes
Que ousarem arriscar
E O Grande Cristo
Abre os braços às cidades
E envolve-as com amor
E o povo simples
Na procissão reza o Cristo
Que é Rei e Redentor.


Refrão


A marcha desce a avenida
E vê-la, há oitenta anos
Deixa o povo a matutar
Se é em Lisboa,
Se no Rio ou na Bahia
Qu'a marcha está a passar
Se é com fandango, samba, vira ou com chorinho
Qu' assim marcham a rigor
E se o santinho
Sorridente e milagreiro
É António ou Salvador.

Letra e Música: Helena de Fátima Chaves Andrade de Campos

Se queriam homenagear a língua, por exemplo, ou o encontro das comunidades, tudo bem! mas promovessem versos, a cheirar a Lisboa, com brasileiros entrando no quotidiano dos bairros populares desta cidade, sem a subserviência bacoca que esta coisa escolhida ostenta.
Se esta era a melhor...

No Facebook, onde partilhei a notícia, a minha amiga Ana Paulo escreveu este comentário: "Chico Buarque e Bethânia padrinhos da marcha do Bica com o tema "Na Picanha é um descanso"... não acredito!!!! Só pode ser mentira do 1 de Abril."

E em resposta a um futuro marchante da Ajuda, escrevi: "(...)Não dançamos samba, o povo não come picanha por regra, não bebemos caipirinha diariamente, olha não percebo, as pessoas querem ser modernas e acabam sendo alvo de chacota. Mas se o júri tinha a Ana Bacalhau e a Cuca Roseta, que do fado querem aproveitar o lado mais exótico, com intenção mercantil, aproveitando a globalização, para terem projecção internacional, está tudo dito."

Para o ano, sugiro eu, a marcha deve homenagear a Comunidade chinesa e poderá ser cantada à boa moda de Pequim ou Cantão. Os marchantes deverão trazer Dragões de Fogo e outros adereços, que os distingam da populaça, que exalta a sardinha e o manjerico.
Já agora, em vez de Santo António... tragam Budas!

Luís Filipe Maçarico (texto) Júlio Machado (fotografia)