"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, maio 11, 2010

SETE


Não bastava roubarem-nos o direito à reforma em tempo saudável e ao fim de tantos anos de trabalho. Destruíndo sonhos...
Não bastava os salários congelados quando as actualizações são baixíssimas...
Não bastava o insulto da corrupção que tanto tem degradado a confiança nos políticos alternadeiros...
Não bastava o vómito de repetidos, dolorosos sacrifícios, para ainda termos de suportar a fantochada à volta do Papa. Quanto dinheiro se gasta? Quanto trabalho em época de aperto se desperdiça?
Não contem comigo para apoiar Papas, Selecções, Ministragem, Alegres (o tal que apenas queria manjedoura) ou Nobres (porque saiu este senhor da sua fachada humanista, se afinal quer poleiro como os outros? Claro, para ajudar Cavaco a ganhar uma vez mais!) tudo farinha do mesmo saco: entreténs da populaça, para desviar os cérebros do essencial - desemprego, pobreza, malfeitorias sucessivas.
Não contem comigo para gostar deste Portugal, não me peçam bandeiras à janela. Tenho vergonha do excesso de merda que me rodeia.
É preciso que haja não uma, mas Sete Revoluções.
Acorda, Portugal!
Texto e foto (manif. do 25 de Abril 2009) de Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, maio 10, 2010

Mistério, Imaginário e Poesia (Com a Turma do "Portugal Islâmico" em Madinat Al Zahra














A beleza e harmonia das construções seculares emprestam ao lugar uma aura de mistério, imaginário e poesia, sublinhada pelos jardins e pelo sítio onde se localizavam o mercado e a mesquita.
Os ciprestes e as palmeiras recriam (ou efabulam) um tempo onde homem e natureza tinham uma parceria feliz.
Os socalcos de Madinat Al Zahra, bem como o labirinto das ruas, conferem-lhe um interesse tal que a alma do viajante precisava de uma manhã ou uma tarde para contemplação. Infelizmente só foi possível estar ali cerca de uma hora.
Foi bom experimentar uma vez mais, embora em contexto novo, o prazer da viagem. Inch'Allah possa um dia regressar.
Texto e fotos de Luís Filipe Maçarico

domingo, maio 09, 2010

Com a Turma do "Portugal Islâmico" em Madinat Al Zahra










Há sítios mágicos no Mundo. Madinat Al Zahra, nos arredores de Córdova merece visita e contemplação.
Estive este sábado no centro de interpretação, acabado de inaugurar e num cenário que há séculos era sede de um poder que marcou memória e património.
Deste território, diz a Wikipédia:

"Em 936 o califa Abd al-Rahman III decide fundar uma nova cidade, Madinat al-Zahra (Medina Azara), que deveria funcionar como nova capital e sede do governo. Situada a cerca de oito quilómetros de Córdova, as obras da sua construção duraram cerca de quarenta anos, mas a cidade teve uma vida efémera, já que foi pilhada e destruída durante a anarquia que se seguiu à queda do califado no século XI. Baseada num modelo oriental (foi inspirada no complexo palatino de Samarra erguido pelos Abássidas perto de Bagdade), a cidade apresentava uma planta quadrangular. Estava construída sobre a ladeira de uma serra, o que permitiu a sua estruturação em três terraços: no nível mais alto, estava o palácio califal (Dar al-Mulk) e a residência dos principais membros da corte e da guarda; no nível intermédio encontrava-se o salão das recepções (conhecido como "Salão Rico") e no nível inferior os banhos, a mesquita, o mercado e jardins."

in: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:JFALJfMAxewJ:pt.wikipedia.org/wiki/Al-Andalus+madinat+al-zahra&cd=1&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt

Em próximos artigos além de mostrar mais imagens, falarei da mesquita de Córdova e desta Madina Al Zahra.
Por agora e como aperitivo, deixo cinco fotografias.
Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, maio 06, 2010

Encontro com Amina Alaoui



Em Abril, quer de 2009, quer de 2010, aconteceram-me coisas surpreendentes, algumas íntimas, que guardo como pétalas de intenso perfume, colhidas nos jardins mais secretos desta fragilidade que é ser humano.
Sinais de alento para prosseguir a caminhada.
Neste último Abril, o dos 36 anos de ser livre, conheci finalmente AMINA ALAOUI, mulher e artista deslumbrante, que em cada pegada derrama uma poalha de estrelas, partilhando com a voz, a luminosa magia de sílabas e melodias encantatórias de um passado comum, entre duas margens, semeando sonhos de futuro sem fronteiras.
Partilho hoje o testemunho do nosso encontro, captado por Clara Amaro, na noite de 24 de Abril no Alcântaro, graças a António Prata e Letícia, pessoas maravilhosas que me proporcionaram conhecer e dialogar com esta grande senhora da world music.
Obrigado aos quatro pela Poesia do Encontro.
Texto de Luís Filipe Maçarico; Fotos de Clara Amaro

quarta-feira, maio 05, 2010

KIKO












Há uma semana atrás, estava eu de partida para o trabalho, "choveu-me" um ninho pela chaminé abaixo, aparecendo-me esta criatura, assustada, chorosa, pois acabara de perder o carinho da sua mãe.
Fui adoptado!
Meti o animalzinho na varanda, com pão e água e pensei que, devido ao calor que estava naquela segunda-feira ele não aguentaria.
Só que quando cheguei, e mudei água e comida, ele muito pesaroso, respondeu à minha voz.
O bicho parecia não comer nada e continuei preocupado.
No dia seguinte, nova caloraça e ao regressar, pareceu-me que comera alguma coisa e até a água parecia-me provada.
Estava eu procedendo ao ritual da limpeza do espaço e eis que o pequeno ser entrou esbaforido casa dentro, escondendo-se debaixo da minha cama.
Com alguma paciência retirei-o, devolvendo-o ao ar morno do entardecer. O borracho reagiu então, atirando-se várias vezes, qual kamikaze, contra a porta da varanda.
Ao 3º dia, logo de manhã, atirou-se da varanda, em "pára-quedas"... Aflito pedi ajuda aos amigos artesãos que montavam naquele momento uma feira no meu largo...
Encontraram uma caixa de cartão espaçosa para a ave e deram-lhe arroz, milho partido e bolachas de água e sal. E água, claro.
Todos os dias, enquanto a feira durou, levei e trouxe o pombinho, que ficou à guarda do Amigo da Tapada das Necessidades, sr. João Pinto Soares.
Nas últimas três noites retirei-o da varanda. Tem dormido aconchegado na chaminé onde caiu. Serve também para sentir que a mãe está por perto, pois ouve-se o grulhar de um pombo adulto.
Também comecei a passeá-lo, ao fim do dia, quando chego do trabalho, ontem foi à farmácia para saberem quem era o destinatário de um conta gotas que conseguiram encontrar para ele.
Hoje, e tal como os chineses de Macau fazem com os seus pássaros, levei-o ao Jardim.
Podem achar que enlouqueci, mas a verdade é que dá-me a sensação que o kiko (assim baptizado pelo Francisco, um menino a quem contei a estória do pombo-bébé, durante um jantar com os avós) percebe qualquer coisa daquilo que se passa à volta dele.
Ou então, que explicação encontram para o facto dele me responder quando saio do autocarro ao chegar do trabalho e páro diante da varanda, cá em baixo na rua, chamando-o: "Kiko!"
Fica logo em polvorosa e salta para as minhas mãos, abrigando-se, como se a mãe estivesse ali. Descobri que afinal sou capaz de ajudar um pássaro na luta pela conquista do seu território, que é o ar. Na sua emancipação, até conseguir dominar sem hesitações, o voo.
Simbolicamente tudo isto se passou, enquanto o 25 de Abril, o 1 de Maio e o Dia da Mãe decorriam. Anseio o dia em que possa devolver-lhe a liberdade. Será um dia feliz para mim, porque não gosto de ver animais presos. E porque também gosto de pessoas, a quem desejo essa liberdade e muitos sonhos.

texto de Luís Filipe Maçarico; fotos de António Brito e LFM

domingo, maio 02, 2010

Imagens do Lançamento de "Associativismo, Património e Cidadania"










Realizou-se na passada quinta feira a apresentação do meu novo livro "Associativismo, Património e Cidadania", no Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes".
A sessão iniciou-se com as boas vindas do presidente da direcção da colectividade, após o qual foi lido um belíssimo texto do e pelo presidente da Junta de Freguesia dos Prazeres, Eng.º Magalhães Pereira, a quem agradeço publicamente a amabilidade. Seguiu-se Artur Martins, vice-presidente da mesa do congresso da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, (CPCCRD), Eng.º José Alberto Franco, presidente da direcção da Aldraba, Esmeralda Veloso que leu poemas de livros anteriores e finalmente o Dr. Augusto Flor, antropólogo, presidente da direcção da CPCCRD.

Antes dos autógrafos e do beberete proporcionado pela autarquia dos Prazeres, o autor deu a palavra à assistência, tendo intervido José Rodrigues Simão, presidente da direcção do Centro de Apoio a Idosos de Moreanes (Mértola), Francisco Nascimento presidente da direcção da Sociedade Musical Ordem e Progresso e José Henrique, do Centro de Atletismo das Galinheiras.

A assistência, além de moradores, associados da colectividade e amigos do autor, integrava diversos dirigentes associativos, de outras colectividades da cidade, antigos e actuais membros dos corpos sociais da Confederação, elementos das estruturas associativas de Lisboa e Loures, nomeadamente o presidente da Federação Distrital de Lisboa, salientando-se ainda a presença de Fernando Vaz e José Carneiro, corajosos associativistas, que no início do ano protestaram frente à Assembleia da República, em greve de fome, contra o vazio legislativo, que durou 6 anos e que muito me honraram por terem estado comigo, naquela tão significativa sessão.

De notar também a presença de personalidades como a presidente da Assembleia de Freguesia dos Prazeres, Drª Assunção Esteves e a pintora Mena Brito

A todos os que participaram, a minha gratidão.

Texto de Luís Filipe Maçarico; Fotografias: António Brito.

quinta-feira, abril 29, 2010