quinta-feira, março 22, 2012

O Espólio e o Despojamento







Na passada segunda feira, entreguei no Núcleo de Documentação, da cidade onde nasci, cadernos de viagem a Cabo Verde, Cuba e Alentejo(s), fotografias do meu percurso, correspondência recebida de Mário Soares, Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal, agradecendo o envio de livros meus, recortes de imprensa de 1970 a 1983, com poesia minha, publicada em jornais e revistas.

Não fiquei com cópias.
E na carta que escrevi à edilidade, caso aceitem, frisei que podem desde já facultar esse espólio, não precisando de aguardar que eu morra, para deixarem consultar, se houver quem tenha interesse em conhecer o que fiz neste mundo...

Prefiro fazer assim do que distribuir por amigos, cujos filhos um dia deitarão no lixo o legado que nada lhes diz...

Com este gesto iniciei uma nova fase, para me desligar de memórias e ficar livre.
Quero ficar com o mínimo dos mínimos, para poder caminhar sem pena, rumo o futuro.
Há quem diga que a decisão demonstrou muita coragem. Prefiro chamar-lhe lucidez.

Despojar é o verbo mais importante para mim, a partir de agora...
Até porque para onde vou, não se entra com tralha...
O passaporte só inclui o velho corpo cansado...

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

3 comentários:

  1. ...soltemos então as amarras ao barco.

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  2. Amigo Luis... grande gesto!!! Coragem e lucidez, sim.
    Tenho o previlégio de ter alguns dos teus "originais" que jamais irão para o lixo, mas isso tu sabes muito bem.
    Um dia estarão num lugar merecido, partilhados com todos...
    Beijo Grande, até amanhã :)

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  3. Grande Luis, AMIGO...
    Ato de coragem e lucidez, talvez precoce, mas compreensível.
    Tenho o previlégio de ter "originais" teus que nunca irão para o lixo, sabes disso, pois irão ser partilhados com quem merece, como tu mereces, um dia destes. Ficarão bem entregues.
    Beijo e até amanhã...

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